No entanto, o governo decidiu ignorar a proposta de 70 milhões de doses e não respondeu à farmacêutica
Documentos oficiais do próprio governo mostram que a carta da Pfizer oferecendo vacinas, que veio a ser ignorada, chegou ao gabinete de Jair Bolsonaro.
As ofertas feitas pela Pfizer, a partir de agosto de 2020, previam a entrega de 70 milhões de doses por metade do preço pago pelos Estados Unidos e pela União Européia, mas não foram respondidas.
Através da Lei de Acesso à Informação, o site O Antagonista e o G1 conseguiram um documento que registra o recebimento da carta pelo gabinete de Jair Bolsonaro e a orientação passada à Pfizer de que ela deveria entrar em contato com o Ministério da Saúde.
A chefe do Gabinete Adjunto de Gestão Interna da Presidência da República, Aida Iris de Oliveira, “respondeu” à carta da Pfizer, no dia 14 de setembro, dizendo que ela deveria ser endereçada ao Ministério da Saúde.
A carta da Pfizer também era endereçada ao vice-presidente, Hamilton Mourão, ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, ao ministro da Casa Civil, Braga Netto, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Forster.
De acordo com o vice-presidente da CPI da Pandemia, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), os documentos entregues pela Pfizer mostram que o governo Bolsonaro ignorou 53 emails sobre a venda de vacinas.
O ex-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Fabio Wajngarten, disse à CPI da Pandemia que só se envolveu na negociação da compra da vacina da Pfizer porque ficou sabendo que a farmacêutica não tinha recebido nenhuma resposta do governo.
Wajngarten relatou que, no dia 9 de novembro, falou para Jair Bolsonaro sobre a oferta da farmacêutica. O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse à Comissão que jamais ignorou ofertas de vacina.