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A advogada do casal dono de uma escola infantil, presos por torturar crianças, afirma que, segundo seus clientes, os maus-tratos como amarrar uma criança em um poste – não passaram de “brincadeira”.
“Ele me disse que quando era criança, brincava de amarrar um ao outro pela ponta da blusa. Meu cliente falou que não via o tratamento dado aos alunos como uma questão de tortura, que ele não tinha essa visão”, explicou a advogada Sandra Pinheiro ao portal Metrópoles.
Eduardo Mori Kawano e Andrea Carvalho Alves Moreira foram presos na terça-feira (27), após se entregarem à polícia. O casal dono da escola Pequiá, na zona sul de São Paulo, deve prestar depoimento à polícia na semana que vem, de acordo com o delegado do 6º Distrito Policial de São Paulo, Fabio Daré.
“Já ouvimos 12 mães e os relatos são muito parecidos: seus filhos apresentam mudança de comportamento, estão assustados, com medo de ficar no escuro e até comendo demais porque não estariam sendo alimentados na escola”, disse Daré.
A advogada afirmou que ainda vai conversar com os clientes para entender os episódios de tortura. “Eu ainda vou sentar com eles para entender o que era aquilo, se era uma brincadeira de mau gosto. Antigamente, as pessoas brincavam disso. Hoje, as brincadeiras já não podem ser como antigamente”, afirmou a advogada.
“É estranho, porque têm mães que falam no processo que as crianças reclamavam, choravam, diziam que o ‘tio’ batia, que brigava, que fazia isso e aquilo. Mas tem pais que dizem que as crianças o adoram e que ele nunca fez nada”, completa a advogada.
A defesa ainda questiona a possibilidade de algumas das imagens que constam no processo não serem do casal. Segundo ela, não foi provado que a mulher que aparece chutando uma criança em um vídeo é Andrea.
Segundo Sandra, o casal estava com medo de se entregar à Polícia Civil. A advogada afirma que eles estão “muito mal” psicologicamente.
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
O delegado Daré afirma que soube no último dia 19 de um boletim de ocorrência contra os proprietários. Desde então, foram ouvidas duas funcionárias e 12 mães de alunos com idade de 1 ano e 8 meses a 6 anos.
De acordo com a polícia, os funcionários da escola discordavam das atitudes dos donos e contaram que não chegaram a receber salário.
Ainda segundo o delegado, há indícios também de violência psicológica contra as crianças.
“Colocar uma criança de 1 ano e 8 meses dentro de um quarto escuro por horas. Colocar uma criança com incontinência urinária sentada num balde para urinar e defecar ali, para não sujar a escola. Colocar essa mesma criança num ralo para fazer as necessidades pessoais dela. Amarrar uma criança num pilar. Esses elementos me levaram a crer que houve tortura na escola”, disse Daré na sexta.
“As oitivas delas foram muito concatenadas, uma bateu com a outra”, acrescentou.
Suspeita-se que apenas os donos do colégio agrediram as crianças, segundo o delegado. Não há indícios, de acordo com ele, da participação de professores. Uma ex-funcionária, que trabalhou na escola em 2016, procurou a delegacia após a repercussão do caso e relatou ter presenciado situações de maus-tratos enquanto esteve na unidade.
Estas pessoas tem que pagar pelo que fizeram. Fácil fazer uma atrocidade como está e depois ser defendido e dizer que não fez nada. Sorte que não é filho meu.