O candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, condenou a reunião de Bolsonaro com diplomatas estrangeiros, na segunda-feira (18), para rebaixar e atacar as urnas eletrônicas, o processo eleitoral brasileiro, o TSE e o STF.
“Denunciarei Bolsonaro em todas as instâncias. Reunir o corpo diplomático de nações estrangeiras para degradar as instituições do país não é coisa de presidente, é coisa de criminoso, de lesa-pátria. Perdoem a franqueza, mas a história cobrará caro daqueles que se omitirem!”, afirmou Ciro pelas redes sociais.
Na vergonhosa fala de Bolsonaro aos embaixadores, ele insistiu nas suas fake news contra a segurança e a lisura do processo eletrônico de votação. Suas mentiras contra as urnas já foram desmentidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Diversas entidades e personalidades políticas condenaram a deplorável atitude de Bolsonaro.
Mais de 60 entidades nacionais atestaram, em nota, a segurança e a lisura do processo eleitoral brasileiro, entre elas associações de delegados e peritos da Polícia Federal, juristas, juízes e centrais sindicais.
Na quarta-feira (20), servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por meio da União dos Profissionais de Inteligência de Estado (Intelis), também se posicionaram contra os ataques, sem provas, ao sistema eleitoral. E atestaram que nunca houve registro de fraude nas urnas eletrônicas desde que foram lançadas em 1996.
Empresários e juristas preparam um ato em defesa da democracia e do processo eleitoral na Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, região central de São Paulo, no dia 11 de agosto. O ato é uma reação e um protesto contra os ataques de Jair Bolsonaro às eleições e ao sistema de urnas eletrônicas.
Também pelas redes sociais, Ciro criticou o modelo econômico imposto ao país por Bolsonaro e Paulo Guedes, seu ministro da Economia, com base nos juros altos.
“Juros mais altos do mundo, retardo tecnológico extenso em processo de agravamento e pequena escala de produção. Não sei como o Brasil ainda aguenta! Isso é fruto do mesmo modelo econômico e de governança política que prostrou a nação brasileira”, observou o ex-governador.
Para ele, “nenhum país do mundo prospera valorizando a especulação em detrimento da produção, privilegiando o rentismo em detrimento do trabalho”.
FIESP
A fala do candidato do PDT se alinha com o que declarou em palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na quinta-feira (21).
O candidato à presidência foi recebido por mais de 300 empresários do setor industrial na sede da Fiesp, na capital paulista.
Ele declarou que o Estado de São Paulo é a grande saída para superar a crise econômica do país. “Se a liderança paulista não compreende isso, o Brasil fica órfão. Não será o meu Ceará que vai liderar a revolução ideológica que precisamos estabelecer no país”, afirmou.
Ciro disse também que pretende reduzir a tributação indireta sobre o consumo e que planeja usar o BNDES e o Banco do Brasil para oferecer crédito e auxiliar a retomada do crescimento.
Os empresários manifestaram preocupação com a retomada dos investimentos em infraestrutura no país e perguntaram ao candidato qual o papel do investimento público nesse processo.
“Não existe uma única experiência internacional em que tenha sido lançada infraestrutura sem uma parceria do Estado”, enfatizou Ciro.
Ciro ouviu um elogio do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva. “É um brasileiro que estuda os temas nacionais com profundidade e tenho certeza que é um aliado da indústria de transformação”, disse o dirigente, referindo-se ao candidato.
“Gostaria de destacar a preocupação enorme da Fiesp em relação ao que está acontecendo com a indústria de transformação no Brasil, que já representou mais de 27% do PIB nos anos 80”, afirmou Josué. “E nas últimas quatro décadas o Brasil desaprendeu a crescer e a indústria de transformação representa hoje menos de 11%”, completou o líder da indústria paulista.
Ciro propôs ainda a criação de um fundo de infraestrutura gerido por uma comissão, da qual participariam entidades empresariais, e “que será lastreado em parte em reserva cambial e com parte [de recursos] de uma reforma tributária”.