“Foi um caos, um conjunto de crimes em relação à total falta de sensibilidade com o que estava acontecendo em Manaus, pessoas morrendo asfixiadas no meio da rua e o governo distribuindo cloroquina”, disse o senador do PSDB
O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os crimes do gverno Bolsonaro em relação à pandemia do coronavírus.
“Enfrentamento da pandemia, coronavírus e Ministério da Saúde… É um desastre que chega a ser quase criminoso. As coisas que aconteceram e estão acontecendo beiram a irresponsabilidade total”, declarou o senador em entrevista ao jornal O Globo.
“Alguém de governo tem que ser responsabilizado para que isso não volte a se repetir”
“A grande maioria do PSDB assinou a CPI da Pandemia e estamos defendendo principalmente depois do depoimento do ministro da Saúde, que não respondeu as questões fundamentais. Alguém de governo tem que ser responsabilizado para que isso não volte a se repetir”, disse.
Tasso Jereissati disse que a situação vivida em Manaus, onde pacientes morreram asfixiadas pela falta de oxigênio medicinal, “foi um caos, um conjunto de crimes em relação à total falta de sensibilidade com o que estava acontecendo em Manaus, pessoas morrendo asfixiadas no meio da rua e o governo distribuindo cloroquina”.
“Cidades estão parando de vacinar por falta de vacina. É um conjunto de crimes, e alguém precisa ser responsável por isso. Não é possível que centenas de milhares venham a falecer e essa negligência fique impune. Até para que não volte a acontecer”, avaliou.
“E não só em Manaus. Cidades estão parando de vacinar por falta de vacina. É um conjunto de crimes, e alguém precisa ser responsável por isso. Não é possível que centenas de milhares venham a falecer e essa negligência fique impune. Até para que não volte a acontecer”, completou.
FRENTE AMPLA E ELEIÇÕES
O senador comentou que o cenário das eleições de 2018, nas quais Jair Bolsonaro venceu o segundo turno contra o candidato petista, Fernando Haddad, “só vai se repetir se nós, do centro, centro-direita, centro-esquerda, formos muito divididos novamente para a eleição”.
“Se esse centro que é a maioria ficar todo subdividido, pode ser, como aconteceu, que a subdivisão leve a uma reedição de uma maneira piorada dessa polarização que só gerou ódio, dividiu a população”, disse.
“Tenho grande esperança de que possamos construir uma candidatura de centro mais sólida”.
Segundo Tasso Jereissati, o PSDB teria uma “candidatura natural” para a Presidência da República, que seria a de João Doria, governador de São Paulo, mas isso não está definido.
Para ele, a apresentação da candidatura de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul, abre uma “perspectiva extremamente democrática para voltarmos às discussões dos nossos ideais, dos nossos princípios”.
“Eu acho que antes de definirmos o nome, temos que definir o que queremos. Estamos vivendo um momento que, além dos partidos, vivemos uma crise de valores, uma crise sanitária, econômica e social”, enfatizou.
“Então, eu acho que aquele que tiver capacidade de unir desde o centro mais à direita até o mais à esquerda, com o propósito de acabar a polarização em que [entre] a extremíssima esquerda e a extremíssima direita, o ódio é que está prevalecendo… Esse que tiver mais capacidade de fazer essa união será o candidato ideal”, afirmou.
Mas “não está na hora de definir” o nome, enfatizou.
OPOSIÇÃO
Ainda durante a entrevista, Tasso Jereissati disse que o PSDB tem uma identidade apenas na área econômica com o governo Bolsonaro, “mas nas outras questões temos uma distância enorme”.
“Se for para falar de política externa, é o oposto da apresentada pelo ministro de Relações Exteriores, que é incompreensível. Se formos falar de tendência ao autoritarismo, somos um partido que nasceu da redemocratização”, continuou.
Para Jereissati, “definição de oposição” do PSDB “em relação ao governo está tomada”.
CAPTAÇÃO DE VOTOS
O senador disse que as eleições para as presidências da Câmara e do Senado “trituraram todos os partidos” porque aconteceram “na base da captação de votos individual”.
“Todos os partidos, todos, foram triturados ou tratorados pelo processo eleitoral de Senado e Câmara. Em uma olhada panorâmica, o DEM rachou, PSDB trincou, PSD teve problemas… Isso porque o processo que se instalou nas duas Casas do Congresso foi na base da captação de votos individual”, avaliou o senador do PSDB.
Para o senador, essa cooptação, que aconteceu através da compra de votos com emendas parlamentares, fez com que os partidos fossem “ignorados como se não existissem”.
“O processo que se instalou nas duas Casas do Congresso foi na base da captação de votos individual”
“Isso fez com que pessoas, de bolsonaristas a petistas, votassem nos mesmos candidatos. Essa questão de não haver uma coesão absurda não é privilégio do PSDB, todos os partidos estão vivendo problemas”, disse.
“A diferença que houve durante as eleições [do Senado e da Câmara] não é um desafio só nosso, e sim de todos os partidos e democratas. Houve uma manipulação profunda que dizimou a unidade dos partidos”, afirmou.
Apenas em janeiro, o governo liberou R$ 504 milhões em emendas parlamentares para os senadores e deputados.
“A diferença que houve durante as eleições [do Senado e da Câmara] não é um desafio só nosso, e sim de todos os partidos e democratas. Houve uma manipulação profunda que dizimou a unidade dos partidos”
Além disso, Bolsonaro disponibilizou R$ 3 bilhões de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional para que 250 deputados e 35 senadores indicassem obras.