“Parece licitação dirigida. Caso clássico de necessidade de apuração com lupa por parte do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público”, disse Eduardo Paes. “Vamos criar uma frente de defesa com a Prefeitura do Rio e outros Poderes. Se for necessário, vamos judicializar a causa”, declarou Cláudio Castro
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), voltou a fazer críticas em uma rede social ao modelo de privatização proposto pelo governo Bolsonaro para o Aeroporto Santos Dumont.
Paes questiona o fato de o edital prever a privatização do terminal localizado no Centro do Rio esteja sendo feita em um bloco, com os aeroportos de Minas Gerais (Uberlândia, Uberaba e Montes Claros), além do Aeroporto de Jacarepaguá, no Rio.
“Sobre o Santos Dumont, algumas reflexões: no ‘pacote’ de concessão do Santos Dumont, incluíram 3 aeroportos menos importantes de Minas Gerais. Será que isso não é um facilitador para quem já tem a concessão de aeroportos em Minas, especialmente de Confins?, questionou Eduardo Paes.
“Parece licitação dirigida. Caso clássico de necessidade de apuração com lupa por parte do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público”, escreveu Paes em seu Twitter, na semana passada (6). O edital da licitação está sob análise do TCU, e a expectativa do governo é que o leilão ocorra no segundo trimestre, em maio.
O modelo de privatização do terminal está sendo questionado pela prefeitura por possibilitar o esvaziamento dos voos no Tom Jobim, mais conhecido como Galeão. O principal problema é a possibilidade do Santos Dumont operar destinos internacionais que atualmente são fixados no Galeão. A prefeitura não é contra que o terminal Santos Dumont seja concedido à iniciativa privada, porém ela defende que exista restrição de voos.
Para o governador do Rio, Cláudio Castro, o edital de leilão do Aeroporto Santos Dumont é “uma ameaça ao Rio de Janeiro. Vou a Brasília pedir o auxílio do presidente da República”, afirmou Castro, em sua rede social na última sexta-feira (7). Castro escreveu também que, se for preciso, irá questionar a licitação do Santos Dumont na Justiça.
“Vamos criar uma frente de defesa com a Prefeitura do Rio e outros Poderes. Se for necessário, vamos judicializar a causa. A medida é necessária após inúmeras tentativas de diálogo com o Ministério da Infraestrutura”, escreveu o governador do RJ.
PRIVATIZAÇÕES PIORARAM OS SERVIÇOS DOS AEROPORTOS
O final de ano de 2021 foi marcado novamente por cancelamentos de voos, longas filas, perda de bagagem, entre outros problemas de infraestrutura.
Em Pernambuco, a piora foi vista no serviço prestado no Aeroporto de Guararapes/Gilberto Freyre, privatizado em março de 2020, no esquema de concessão por 30 anos à empresa espanhola Aena.
Em prol de aumentar os ganhos, a espanhola desligou o ar condicionado durante a noite, reduziu os espaços entre as aeronaves (para caber mais na pista), retirou sabão e fechou os banheiros.
“O Aeroporto dos Guararapes piorou muito depois de privatizado, provocando saudade do tempo em que era administrado pela Infraero”, afirmou um colunista social apoiador de Bolsonaro, João Alberto, que administra uma coluna no Blog do Magno. No final do ano, a coluna esteve três vezes na estação de passageiros e encontrou o ar condicionado desligado, um verdadeiro absurdo”, denunciou.
No período festivo de final de ano, passageiros também enfrentaram problemas para embarcar no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo. O terminal de Guarulhos foi privatizado em 2012, em busca de garantir a “administração eficiente”.
Entre os problemas apontados pelos passageiros do aeroporto estavam, por exemplo, longas filas, check-in por meio de aplicativos, cancelamento de voos e overbooking – isto é, quando empresas aéreas vendem mais passagens do que o número de lugares no voo. Uma falha no sistema de iluminação de uma das pistas do aeroporto foi apontada pelas companhias como o principal problema para o cancelamento dos voos.