Os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), se encontram com Beatrix Von Storch, deputada do partido neonazista alemão Alternativa para a Alemanha (AfD)
Von Storch é investigada pelo serviço de inteligência alemão por incitação ao ódio contra muçulmanos, propagar ideias neonazistas, anti-imigração, xenofóbicas e extremistas.
“Conservadores do mundo se unindo para defender os valores cristãos e a família”, escreveu Kicis, que é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Ao tentar justificar o encontro, a deputada bolsonarista reafirmou seu discurso xenófobo e garantiu que pesquisou a conduta de Von Storch. “A deputada Beatrix Von Storch é uma parlamentar conservadora, que denuncia política de imigração na Alemanha e ataques às liberdades individuais, como a liberdade de expressão. Nada desabona sua conduta, por tudo que pesquisei. É a mesma narrativa contra conservadores aqui e no mundo”, tentou justificar Bia Kicis.
Após a reunião, o filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro lembrou das pautas conservadoras e de costumes que os “unem” à neonazista alemã. “Somos unidos por ideais de defesa da família, proteção das fronteiras e cultura nacional”, disse o parlamentar ao publicar fotos com a alemã — e com todos os presentes no encontro sem máscaras.
Em 2018, a polícia alemã pediu que Von Storch, que é neta de Lutz Graf Schwerin Von Krosigk, que foi ministro das Finanças de Adolf Hitler, na Alemanha Nazista, fosse investigada após publicações em que questionou a decisão da polícia da cidade de Colônia de postar mensagens em árabe, como parte de uma campanha propositalmente em varias línguas.
Storch disse à época: “O que diabos está acontecendo de errado neste país? (…) Estão querendo agradar os bárbaros, os muçulmanos e essa horda de homens estupradores?”. O Twitter e o Facebook removeram as postagens, classificadas como discurso de ódio.
Conib repudia
Em nota, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) lamentou “a recepção dada a representante do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) em Brasília”. “Trata-se de partido extremista, xenófobo, cujos líderes minimizam as atrocidades nazistas e o Holocausto. O Brasil é um país diverso, pluralista, que tem tradição de acolhimento a imigrantes. A Conib defende e busca representar a tolerância, a diversidade e a pluralidade que definem a nossa comunidade, valores estranhos a esse partido xenófobo e extremista”, destaca a entidade.
O Museu do Holocausto do Paraná, que relembra a memória das vítimas do nazismo, detalhou a trajetória da deputada alemã.
“A Alternativa para a Alemanha é um partido político alemão de extrema-direita, fundado em 2013, com tendências racistas, sexistas, islamofóbicas, antissemitas, xenófobas e forte discurso anti-imigração”.
“Em março de 2021, o serviço secreto alemão enviou ao Ministério do Interior um relatório de mais de mil páginas que atribui ao partido AfD uma série violações da ordem democrática e atentados aos valores constitucionais da Alemanha, incluindo sobre o negacionismo pandêmico”.
“Vice-líder do partido, famosa por tweets xenofóbicos e neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, ministro nazista das Finanças e um dos poucos membros do gabinete do Terceiro Reich a servir continuamente desde a nomeação de Hitler como chanceler”.
“Em seu testamento, Hitler elegeu Krosigk para continuar como ministro das Finanças após sua morte. Ele serviria em um governo liderado por Goebbels, como chanceler. No entanto, o próprio Goebbels cometeu suicídio apenas um dia depois, em 1º de maio de 1945”.
“Após os suicídios de Hitler e de Goebbels, von Krosigk serviu como Ministro Principal e das Relações Exteriores durante um curto período, na pequena porção da Alemanha que estava encolhendo progressivamente devido ao rápido avanço das forças aliadas”.
“Krosigk ficou conhecido também por não aceitar a rendição e por desejar continuar a guerra, mesmo após o suicídio de Hitler. No Julgamento dos Ministérios de 1949, ele foi condenado por crimes de guerra e sentenciado a 10 anos de prisão”.
Por fim, o Museu do Holocausto respondeu diretamente atitude de Bia Kicis de encontrar com a neta do ex-ministro de Hitler e integrante de um partido de extrema direita. “É evidente a preocupação e a inquietude que esta aproximação entre tal figura parlamentar brasileira e Beatrix von Storch representam para os esforços de construção de uma memória coletiva do Holocausto no Brasil e para nossa própria democracia”.
nenhuma novidade nesse ato rasteiro, vindo dessa “famíglia” sórdida, antidemocrática, corrupta e golpista.