Assim como fez com a Pfizer, ministro de Bolsonaro resiste em ampliar vacinação das crianças. Internações infantis estão aumentando e São Paulo já iniciou o uso da CoronaVac
Se já havia uma constatação de que o governo federal estava atrapalhando o início da vacinação das crianças brasileiras contra a variante ômicron do novo coronavírus, a reação do Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), tomada nesta quinta-feira (20), de aprovar o uso da CoronaVac para a vacinação de crianças de 6 a 17 anos, é uma comprovação da sabotagem.
A decisão autorizando o uso da CoronaVac em crianças foi tomada por unanimidade pela agência reguladora. O pedido feito pelo Instituto Butantan, fabricante da vacina. O Instituto pediu para que o uso fosse de 3 a 17 anos mas a Anvisa aprovou seu uso para a faixa etária de 6 a 17 anos.
A vacina sofre resistência do governo federal e, sobretudo, de Jair Bolsonaro. O atual ocupante do Planalto faz campanha contra todas as vacinas e chegou até a ameaçar os servidores da Anvisa para que não aprovassem a vacinação infantil. O mundo inteiro já está vacinando suas crianças contra a Covid-19.
Bolsonaro usou uma de suas entrevistas para mentir, dizendo que não havia mortes de crianças pelo coronavírus no Brasil. A informação falsa foi caracterizada como uma fake news já que dados oficiais do próprio Ministério da Saúde davam conta de que 312 crianças morreram de Covid-19 desde o início da pandemia. E, pior, sem a vacinação, o número de crianças internadas nos últimos dias em estado grave aumentou quase 70% em alguma capitais do país.
Questionado sobre a decisão sobre a CoronaVac, Queiroga não se comprometeu a seguir a Anvisa.
Repetindo o comportamento em relação à vacina da Pfizer, o ministro disse que todas as vacinas autorizadas pela agência reguladora são “consideradas” para o PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19), mas que ministério vai “aguardar a íntegra da decisão e a publicação no Diário Oficial da União (DOU) para avaliar o que fazer”.
O ministro, que havia seguido as ordens de Bolsonaro e realizado uma absurda consulta pública para protelar o início do uso da vacina da Pfizer, usou suas redes sociais para também protelar o uso da CoronaVac. “A Anvisa autorizou o uso emergencial da vacina Coronavac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. Todas as vacinas autorizadas pela Anvisa são consideradas para a (sic) PNO. Aguardamos o inteiro da decisão e sua publicação no DOU”, afirmou Queiroga.
Com uma postura bem diferente da postergação criminosa do governo Bolsonaro, a administração de São Paulo iniciou imediatamente a vacinação das crianças do estado com a CoronaVac. A primeira criança do Brasil vacinada com a CoronaVac foi Davi Xavante, de 8 anos, indígena e morador de Piracicaba.
O Instituto Butantan, fabricante do imunizante, em parceria com a empresa chinesa Sinovac, anunciou que dispõe de 15 milhões de doses prontas para serem usadas. A vacina, desenvolvida pelos chineses está sendo usada com sucesso em milhões de crianças em vários países do mundo.