“Deveria ter sido feita uma campanha de esclarecimento com orientações sobre a gravidade da doença”, disse o vice, general Hamilton Mourão
O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, afirmou, em entrevista a Roberto D´Ávila, da Rede Globo, na terça-feira (22), que o governo errou ao não orientar a população durante pandemia. “O governo errou. Deveria ter sido feita uma campanha de esclarecimento com orientações para a população brasileira sobre os cuidados e a gravidade da doença”, disse Mourão.
O vice-presidente voltou a enfatizar que seu compromisso é com a Constituição. “Jurei defender a Pátria e respeitar a Constituição”, lembrou o general. Ele disse que está afastado das Forças Armadas, mas considera que todas elas e, particularmente o Exército, estão comprometidos com a defesa da Constituição. “O conjunto está com a visão constitucional de defesa dos poderes constituídos e da Pátria”, acrescentou.
Ele falou também sobre a atuação do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. “O Exército não é Pazuello e Pazuello não é o Exército”, observou Mourão. A entrevista foi concedida pelo vice-presidente dois dias após Jair Bolsonaro ter agredido violentamente a Rede Globo numa entrevista em Guarantinguetá, no interior de São Paulo. Na ocasião, Bolsonaro desrespeitou, também com violência, a jornalista Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada do Globo na região.
Ele disse que o caso Pazuello foi diferente de quando o Exército foi chamado para ajudar na Segurança Pública do Rio de Janeiro. “Ali o Exército foi chamado a intervir e designou o general Braga Neto para cumprir a missão no Estado”, lembrou. “O Exército não foi convocado para atuar no Ministério da Saúde”, salientou o general. “Pazuello foi convocado e assumiu de forma pessoal. Ele devia ter pedido para ir para a reserva. Foi um erro”, acrescentou o vice-presidente.
Sobre o fato dele estar sendo deixado de lado nas reuniões do governo, Mourão disse que “há sempre aquela desconfiança de que eu estaria querendo ocupar o lugar do presidente. Não existe isso”. “Eu tenho minhas ideias, eu as defendo, mas quando o governo toma uma decisão que não é a minha, eu sigo a posição do conjunto”, explicou. “Podia melhorar o relacionamento. Eu não estou interessado no cargo dele”, acrescentou Mourão.
O vice-presidente também falou sobre a política do governo de incentivo ao uso de armas. Ele disse que “no meio rural existem algumas situações em que as pessoas consideram importante possuir armas, para defender sua residência, sua propriedade, mas que no meio urbano isso não é assim”.
“Nós não temos o mesmo hábito cultural dos americanos que colocaram na Constituição deles o direito de ter uma arma. Aqui as lojas de armas nunca ficarão cheias como ocorre lá”, observou.