O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) afirmou nesta segunda-feira, em sabatina realizada pela Folha de S. Paulo e UOL, que não aumentará o valor da tarifa de ônibus e resolverá as filas do sistema público de Saúde, caso seja eleito.
O candidato disse que o Poupatempo da Saúde, proposta para zerar fila do SUS, será implementado no segundo semestre de 2025. O programa custará R$ 4,4 bilhões nos quatro anos e prevê novas 16 policlínicas.
Boulos apresentou como uma de suas principais propostas o “Poupa Tempo da Saúde”, uma iniciativa já criada na gestão do PSDB em Santo André, voltada para descentralizar o atendimento médico especializado e exames diagnósticos. Segundo ele, 16 unidades espalhadas pela cidade de São Paulo permitirão que moradores de áreas mais distantes tenham acesso rápido a exames como ressonância magnética e tomografia.
“Nós vamos fazer o Poupatempo da Saúde no primeiro ano e vamos zerar a fila da saúde”, afirmou ele, garantindo que as primeiras unidades devem começar a operar já no segundo semestre. Além disso, ressaltou a necessidade de reforçar os hospitais já existentes, como o Hospital do Campo Limpo e o Hospital M’Boi Mirim, com a contratação emergencial de especialistas. “Você também vai reduzir fila, não precisa esperar o Poupa Tempo da Saúde”, completou, mencionando que medidas de curto prazo estão previstas no seu plano.
O nome “Poupatempo” é amplamente reconhecido em São Paulo por sua eficiência na emissão de documentos. Devido a isso, um órgão governamental de São Paulo, que possui o registro da marca “Poupatempo”, está processando a campanha de Boulos. O Poupatempo foi estabelecido pelo governo paulista durante a gestão de Mário Covas, do PSDB.
“Fiquei absolutamente perplexo quando veio essa notícia [do processo]. Ninguém é dono de uma experiência pública. O governo do estado não é dono da experiência do Poupatempo; ela pertence ao povo de São Paulo. O Poupatempo da Saúde, que nós estamos propondo aqui em São Paulo, tem em comum com a experiência de Santo André apenas o nome, não o conteúdo. É inédito, do que seria uma policlínica, vamos dizer assim. Um atendimento de médicos especialistas, que hoje é a maior fila na cidade de São Paulo.”
“O governador aliado [de Nunes] quer atacar a propostas ao invés de atacar o problema” disse o psolista. “Como se um programa público fosse de propriedade de um determinado partido ou de uma determinada gestão”, afirmou.
Boulos afirmou que essas propostas serão cumpridas dentro do orçamento e que a LDO prevê um valor R$ 41 bilhões para investimento. Ele disse que o problema de São Paulo não é dinheiro, mas “falta de gestão”.
O candidato também defendeu a duplicação do efetivo da GCM, prometendo a contratação de 7 mil novos guardas ao longo de sua gestão e argumentou que sua proposta é financeiramente viável, com um custo de R$ 800 milhões anuais. Segundo ele, a ideia é que a GCM atue de forma ostensiva, com rondas em pontos estratégicos, como áreas de criminalidade elevada, pontos de ônibus e nas proximidades das escolas municipais, como parte do programa “Escola Mais Segura”.
Boulos evitou falar sobre as denúncias de assédio contra o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, demitido nesta sexta-feira, mas afirmou que sua gestão terá um programa de combate ao assédio sexual na gestão pública. Ele garantiu que a controladoria municipal, atualmente esvaziada, terá um papel fundamental nesse processo, com um canal direto para denúncias de assédio entre servidores, especialmente mulheres.
Questionado sobre o assunto, Boulos disse que não tem conhecimento sobre os detalhes específicos deste caso. “Eu acho que a maioria das pessoas também não conhece, por isso que o presidente Lula determinou uma investigação da controladoria geral da União, que está fazendo. Essa investigação tem que ser feita, apurada com rigor, nesse meio tempo se optou pela saída do Silvio Almeida do governo e, em qualquer caso em que haja uma denúncia de assédio, de violência sexual, do que quer que seja, tem que se ter o respeito e o acolhimento às vítimas. E isso está sendo feito por parte do governo federal, e eu acho que isso é uma lição”, afirmou.
Em seguida, o candidato afirmou que como concorrente ao cargo de prefeito de São Paulo, tem o compromisso em combater a violência contra a mulher e implementar uma política antirracista. Ele destacou a recriação da Secretaria de Promoção de Igualdade Racial (SEPIR) e a implementação da Lei 10.639, que trata da Educação Antirracista nas escolas.
Boulos também prometeu ampliar em cinco vezes a Patrulha Guardiã Maria da Penha, criada na gestão de Fernando Haddad. Ele disse que pretende descentralizar as bases e articular a atuação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) com uma rede de proteção às mulheres, incluindo casas abrigo.
MOBILIDADE
Boulos descartou reduzir a velocidade para os carros em vias da capital, caso seja eleito. O programa foi criado durante a gestão de Fernando Haddad (PT), apoiador da campanha do psolista, com o objetivo de reduzir mortes no trânsito, mas foi descontinuado por João Doria (hoje sem partido). “Isso não foi aceito pela cidade. Houve uma rejeição da maior parte da cidade, embora a visão do Haddad tivesse uma consistência, apoiada em dados”, disse.
SEGUNDO TURNO
Questionado se sua única chance de vencer em um segundo turno seria em um duelo com Pablo Marçal (PRTB), Boulos respondeu “de jeito nenhum”. O candidato disse que “adversário não se escolhe” e citou a disputa de votos entre Ricardo Nunes (MDB) e Marçal. “Fazem gincana de quem é mais bolsonarista e mais violento”, afirmou.
Ainda durante a sabatina, Boulos expressou confiança de que a esquerda tem um histórico sólido de alcançar o segundo turno nas eleições em São Paulo e criticou seus adversários, afirmando que eles estão competindo pelo eleitorado bolsonarista e rebaixando o debate eleitoral. Ele também expressou confiança na vitória, argumentando que a cidade não aceitará retrocessos nem autoritarismo.
Sobre a Venezuela, o candidato do PSOL afirmou que a eleição de Maduro está cheia de suspeitas de fraude e que o governo venezuelano não tem legitimidade. Ele defendeu a posição de não reconhecimento do governo de Maduro pelo presidente Lula e afirmou: “A Venezuela está a 4 mil km de São Paulo”, ao argumentar a importância de focar nas questões locais, como as eleições municipais.