Após mais de uma semana da passagem do ciclone extratropical que causou destruição e mortes no Rio Grande do Sul, ao menos 2,6 mil moradores ainda têm que amargar a falta de energia elétrica, que vem provocando sérios transtornos e prejuízos à população.
O descaso da CEEE Equatorial, grupo que arrematou o braço da distribuição de energia da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) em 2021, vem provocando protestos em várias localidades do estado.
Os municípios de Pelotas e Rio Grande são os mais atingidos pela falta de energia, além de zonas rurais da região sul do estado.
Na última quarta-feira (19), moradores e produtores rurais fizeram um protesto pedindo providências da CEEE Equatorial. Os manifestantes queimaram pneus e bloquearam totalmente o trânsito na BR-293, que liga Pelotas a Bagé.
“Não sei de que jeito vou me reerguer”, afirmou um agricultor à reportagem do G1 durante o protesto.
“Estamos perdendo tudo o que temos em casa. Perdi 180 ovos que estavam na chocadeira, e morreram 200 pintos. A gente, que é pequeno produtor, não tem como se manter, pelo fato de a CEEE Equatorial ter nos abandonados aqui na colônia”, disse a produtora rural Benonni Neves.
Para Gabriela Mazza, que participou de protestos na região na sexta-feira (21), “esse é um direito, que tá na constituição. Água e luz é um bem que a gente tem direito”.
Outro protesto aconteceu em frente da sede da CEEE Equatorial, no município de São Lourenço do Sul.
“O meu trabalho tá parado. Quem vai pagar minhas contas no final do mês? O gerador batendo direto, 2 horas de manhã, 2 horas ao meio dia, 2 horas durante a noite pra tentar manter e segurar nossos alimentos dentro do freezer”, contou a proprietária de um salão de beleza, Elissandra Grodten.
“Eles [empresa de energia] passaram aqui há dois dias atrás, apenas olharam e nada de fazer alguma coisa. A gente pede um pouco de respeito com a população”, disse a agricultora Carina Venzke.
O defensor público Rafael Magagnin, responsável pelo núcleo do consumidor na Defensoria Pública do RS, faz um alerta aos moradores atingidos pela falta de energia de que a tarifa mínima não pode ser cobrada pelos dias que ficaram sem luz. Ele também não descarta a possibilidade de entrar com uma ação coletiva na Justiça contra a CEEE Equatorial.
Já a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) pediu que a CEEE Equatorial passe por fiscalização.