O movimento Direitos Já! e a Frente pela Vida lançaram a campanha “Abrace a Vacina”, nesta segunda-feira (18), com o objetivo incentivar a população a se vacinar contra o novo coronavírus.
A campanha conta com a adesão de mais de 200 organizações da sociedade civil, personalidades e especialistas em saúde pública para informar setores da sociedade que estão temerários em relação à vacina, devido às insistentes tentativas de sabotagem do governo Bolsonaro e à disseminação das chamadas fake news.
“Essa é uma campanha que tem como objetivo sensibilizar a população quanto à importância da vacinação. Sabemos que é fundamental alcançar a imunidade coletiva. Portanto, precisamos dialogar com todos os setores da sociedade, principalmente aqueles que estão receosos com a vacinação, muito por conta da influência das ‘fake news’. Por isso a necessidade de uma mobilização ampla da sociedade civil, com a preocupação de não politizar essa campanha, dialogar com todos e trazer informações técnicas com a participação de artistas, esportistas, de profissionais da área de saúde e religiosos”, disse o sociólogo Fernando Guimarães, coordenador do movimento Direitos Já!.
O presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira, defendeu que “a ameaça de um vírus mortal, a Covid-19, torna-se ainda mais grave com a desinformação generalizada promovida maquiavelicamente por quem arquiteta fake news. Pessoas que ganham com a manipulação da opinião pública escondendo a verdade, abraçando vergonhosamente a mentira. A cura da sociedade de seus muitos males, de modo especial, dessa pandemia, exige compromisso com a verdade. Então seja dita a verdade: a vacina é a arma mais eficiente e segura para combater a Covid-19”.
As entidades reforçam a importância de uma campanha massiva que corra por todo o país, informando a população sobre a necessidade de se aderir à vacinação para que seja possível vencer a pandemia.
“Não houve nenhuma campanha de vacinação no Brasil até hoje que não foi precedida de informação de que estamos vacinando. As pessoas precisam saber que estamos vacinando. Este desgoverno não está informando a sociedade de que vamos vacinar. Se não houver informação as pessoas não vão procurar a vacina”, disse o professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, ex-presidente da Anvisa, Gonçalo Vecina.
“Temos que realizar um imenso esforço no sentido de disseminar a ideia de que, sim, quem ama vacina abrace essa ideia e vá vacinar você e sua família, quando for a hora de ser vacinado. Temos muitas complexidades para superar essa fase da doença, além de ter a vacina, que foi a primeira superação: fundamental informar, comunicar a sociedade de que nós temos a vacina e que é fundamental vacinar”, completou o professor.
O presidente do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernando Pigatto, enfatizou que essa articulação também terá um importante papel de brigar pela garantia de recursos para a Saúde Pública para assegurar a vacinação no próximo período, e condenou o movimento negacionista, liderado pelo governo federal.
“Para garantir que tenhamos recursos na LOA [Lei Orçamentária Anual], que será votada na volta do recesso parlamentar, precisamos intensificar a nossa mobilização para termos vacina no Sistema Único de Saúde [SUS], garantindo vida plena para todas e todos brasileiros. Precisamos destacar a importância das vacinas que salvam vidas há décadas e a autorização das vacinas da Fiocruz e do Butantan pela Anvisa, que integram o SUS. Devemos comemorar o início da vacinação neste domingo, celebrar a vitória da ciência e da vida sobre o negacionismo genocida que gera morte”, afirmou Pigatto.
Para o dr. Hélio Leitão, presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, “essa campanha tem por objetivo conscientizar da importância de que todos nos vacinemos. Não podemos permitir que essa questão seja contaminada pelo debate político. Essa disputa entre esquerda e direita, que atravessa séculos, deve ficar para um outro momento. Vamos fazer essa disputa depois. O momento agora é entre a ciência e o negacionismo. E nós, porta-vozes da consciência cívica brasileira, cada um nos seu âmbito e de suas entidades, temos a obrigação, temos o dever ético de levar a voz da razão, da ciência, aos quatro cantos desse país. Nesse ambiente contaminado pela desinformação, pela ‘fake news’, é fundamental uma articulação dessa natureza”.
O secretário nacional de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Adriano Massuda, enfatizou o papel dos cientistas que conseguiram “num curto espaço de tempo, num tempo recorde, vacinas para enfrentar essa que é uma das mais críticas situações que a humanidade está enfrentando”.
“Mas, não basta ter a vacina, é importante que a gente tenha a população vacinada, é importante que a população vá até os centros de saúde para poder ser vacinada. Para fazer esse processo não basta apenas o movimento sanitário. É importante que a gente tenha uma forte articulação com diversos setores da sociedade, como está sendo organizado nesta campanha”, disse Massuda.
A economista Monica de Bolle enfatizou que o único tratamento preventivo que existe é a vacina, ao lembrar das informações dadas pela diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no domingo (17).
“A Anvisa, nas suas deliberações e, especialmente nas falas, não só dos técnicos, mas também da diretoria, deixou muito claro que não existe nenhum tipo de tratamento preventivo contra a Covid. O único tratamento preventivo que há chama-se ‘vacina’ e estamos, agora, nos unindo ao resto do mundo nas campanhas de vacinação”, considerou.
“Vários países já começaram suas campanhas. Havia muita ansiedade sobre quando começaríamos a nossa. Graças ao trabalho dos nossos cientistas, das nossas instituições centenárias da área de saúde, o Instituto Butantan e a Fiocruz, graças ao trabalho da Anvisa – que tem sido feito com muito esforço e contra todo o negacionismo existente no governo, contra a política de morte do governo, a favor da vida – hoje nós temos condições de vacinar e, portanto, evitar que mais brasileiros padeçam dessa doença ao longo do tempo, essa doença que é extremamente perigosa”, disse de Bolle.
“Agora, é a vez de cada pessoa fazer a sua parte e agir com responsabilidade. O fim da pandemia depende de uma adesão maciça à vacinação. Vacinar-se é um ato de amor à própria vida e a do próximo, pois evita a propagação da doença. Tenha confiança na ciência, no que dizem os pesquisadores de todo o mundo. Tenha confiança na vacina, exijam adequado plano de imunização de nossos representantes. É direito de todos de se vacinar, que ninguém seja excluído”, enfatizou Dom Walmor.
José Gomes Temporão, pesquisador da Fiocruz e ex-ministro da Saúde, reforçou a necessidade de se criar “uma grande mobilização na sociedade em relação à questão da segurança da vacina, do seu impacto, da sua necessidade premente: educando, orientando, mobilizando a sociedade nesse sentido. O Brasil tem uma grande experiência acumulada em campanhas de vacinação. Nós temos todas as condições de infraestrutura necessária para fazer diferente. Para isso, esse movimento vai ser extremamente importante”.
“Enquanto isso não acontecer, não podemos abrir mão das demais medidas sanitárias que são fundamentais para evitar mortes preveníveis. O Brasil já passou de 200 mil óbitos, importante registrar que todos esses são óbitos preveníveis, evitáveis. Enquanto não temos vacina para todos, que é nosso objetivo, precisamos fortalecer as demais medidas sanitárias e, para fazer isso, é preciso fortalecer o SUS”, concluiu Massuda.
Para ajudar na divulgação da campanha, foi criado um site com informações: abraceavacina.com.br/.