Os resultados das eleições gerais realizadas na Turquia no domingo (14) indicam que nenhum dos candidatos conseguiu obter os 50% necessários para evitar um segundo turno, de acordo com os dados divulgados pela agência pública Anadolu e confirmados oficialmente em seguida. Os dois candidatos com maior apoio, Recep Tayyip Erdogan e Kemal Kilicdaroglu, vão ao segundo turno, dia 28 de maio.
O chefe do Conselho Supremo Eleitoral do país, Ahmet Yener ratificou que Erdogan ficou em primeiro lugar, com 49,51% dos votos e Kilicdaroglu veio logo atrás com 44,88%, confirmando as previsões de uma disputa acirrada entre os dois candidatos. O terceiro colocado, Sinan Ogan, teve 5,17%, e seu apoio será chave para o segundo turno.
A participação do eleitorado foi alta, quase 89% na Turquia e mais de 52% dos eleitores registrados para votar no exterior.
Os colégios eleitorais fecharam no domingo às 17h (horário local, 11h de Brasília), após nove horas de votação para eleger os 600 deputados do Parlamento e o novo presidente. O dia da eleição passou sem incidentes.
Essa eleição presidencial foi uma das mais disputadas nos últimos anos, o que se refletiu nos números apertados apurados por pesquisas de opinião, com algumas dando Erdogan em segundo lugar.
Frente a esse resultado, especialistas argumentam que a intenção de voto em Kilicdaroglu esteve superestimada, por um lado e, por outro, um suposto voto envergonhado em Erdogan se manifestou na reta final da disputa. O apoio do terceiro colocado, o nacionalista Sinan Ogan, deve ser decisivo no segundo turno. Sinan Ogan teria recebido votos importantes de um eleitorado tradicionalmente ligado a Erdogan.
Erdogan defende a manutenção de relações com a Rússia, buscando uma solução negociada para o conflito na Ucrânia e posicionando-se como potência regional, com política independente, inclusive dentro da Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Já Kilicdaroglu acena com uma maior aproximação com a União Europeia, e uma recomposição submissa das relações com a Otan, especialmente com os Estados Unidos, entre outros temas.
NO PARLAMENTO COALIZÃO DE ERDOGAN DEVE TER MAIORIA
No Parlamento, das 600 cadeiras em disputa, 268 estarão sob o controle da sigla de Erdogan, o Partido de Justiça e Desenvolvimento (AKP), abaixo das 285 que tinha até agora, mas atingirá uma maioria de 324 assentos junto com os do Partido de Ação Nacionalista (MHP) e do Yeniden Refah, tradicionais aliados de Erdogan, informou a Anadolu.
O Partido Popular Republicano (CHP), do candidato presidencial Kemal Kilicdaroglu, embora chegue a uma bancada de 167 parlamentares, com um aumento de 33 cadeiras, continuará na oposição, mesmo com o apoio das 44 vagas do IYI (Bom Partido) e das 62 da esquerda curda.