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Sete escolas desfilaram no Sambódromo do Anhembi na segunda noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo. No geral, foi uma noite com grandes desfiles, mas com Mocidade Alegre, Mancha Verde e Estrela do Terceiro Milênio se destacando das demais.
Acadêmicos do Tucuruvi, Império de Casa Verde, Águia de Ouro e Dragões da Real também desfilaram da noite de sábado (18) à manhã de domingo (19).
O primeiro desfile da noite foi o da Estrela do Terceiro Milênio que atrasou por problemas para colocar os componentes nos carros. Na avenida, sob forte chuva, a agremiação do Grajaú falou sobre o riso e agitou o Anhembi com homenagens a grandes nomes da comédia brasileira e mundial.
Destaque positivo nas alegorias. O bobo da corte, figura famosa por entreter nobres e reis, apareceu ainda na fantasia dos integrantes da primeira ala do desfile e no carro abre-alas.
Outro destaque do desfile foi a comissão de frente, com uma família que trocava rapidamente de roupas (do preto e branco para trajes coloridos), representando o papel da comédia para deixar a vida mais leve.
A Estrela do Terceiro Milênio terminou sua estreia na elite do carnaval paulistano com um tributo a Paulo Gustavo, morto em 2021. Em destaque, estava uma escultura do humorista sentado no colo de um boneco de Jesus Cristo, com uma plaquinha dizendo “Você é mesmo uma peça”.
OXENTE – SOU XAXADO
A atual campeã da elite do carnaval paulistano defendeu o enredo “Oxente – Sou Xaxado, sou Nordeste, sou Brasil”. A escola alviverde mostrou a força da dança criada no Sertão Pernambucano e popularizada por Luiz Gonzaga. O Rei do Baião veio representado com um boneco gigante articulado segurando uma sanfona, no último carro.
A agremiação encheu o desfile de referências nordestinas. Do carro abre-alas, com alusão à caatinga, até as últimas alas, celebrando as festas e quadrilhas de São João, a Mancha trouxe vários tons de verde ao Anhembi.
Além das alegorias caprichadas em referência aos cangaceiros, as rendeiras, a Luiz Gonzaga, o espetáculo da Mancha Verde também marcou pela sonoridade. A mescla dos ritmos do samba com o do forró conseguiram mostrar que a escola cumpriu com a proposta apresentada em seu enredo.
MOCIDADE
Uma das escolas mais aguardadas foi a Mocidade Alegre e a agremiação levou para o sambódromo a trajetória do moçambicano Yasuke, o primeiro samurai negro da história do Japão.
O nome do guerreiro foi apresentado ao público no começo do espetáculo. Cada letra foi escrita em taikos, tambores orientais, que eram girados em 180° que, após o movimento, revelavam a palavra “morada”, apelido da escola.
As representações das gueixas e dos samurais japoneses indicaram o capricho e o cuidado da Mocidade com a fantasia. Nos carros-alegóricos, um guerreiro sendo banhado por uma queda d’água e o dragão abraçado a uma espada girando sobre a alegoria também impressionaram o público.
O último carro alegórico, com um menino negro segurando um origami e um livro, trouxe a mensagem que todas as crianças, assim como Yasuke, podem ser quem elas desejam.
DA SILVA
A Acadêmicos do Tucuruvi homenageou Bezerra da Silva, sambista, compositor e cantor, que também era conhecido como o embaixador dos morros e das favelas. E foi essa relação do artista com a vida do povo, tão explorado por Bezerra nas suas composições, que a escola retratou em seu desfile.
O último carro alegórico reproduziu uma escultura de Bezerra da Silva com os braços estendidos na frente de uma cruz segurando uma faixa com a frase: “Salve o povo da favela”.
Os filhos de Bezerra da Silva também desfilaram com a Unidos do Tucuruvi. Italo Bezerra disse ao Estadão que a apresentação foi à altura da história do seu pai. “Estou muito feliz e acho que ele foi muito bem representado no desfile. Eu e meu irmão viemos do Rio de Janeiro e vimos que toda a comunidade e arquibancada abraçaram a ideia. Foi uma honra”.
IMPÉRIO
A Império de Casa Verde levou para o sambódromo o enredo: Império dos batuques – um Brasil afromusical, com objetivo de mostrar como diversos gêneros musicais ouvidos hoje no Brasil são influenciados por batuques africanos. O funk em São Paulo, o timbau em Salvador e o “reggae lá do Maranhão”, como cantou o samba-enredo, são alguns dos exemplos.
ÁGUIA DE OURO
Em um desfile de questionamentos existenciais, a Águia de Ouro levou pra passarela muitos elementos infantis para retratar o enredo Um pedaço do céu, que trazia uma discussão sobre os sonhos e desejos ao longo da vida. Bonecas, unicórnios e princesas se misturaram com alegorias que expeliam um cheiro adocicado que podia ser sentido no sambódromo.
DRAGÕES
No desfile que fechou o carnaval de São Paulo, a Dragões da Real não deu bola para a chuva nem para as arquibancadas já bastante vazias. A escola mostrou disposição para fazer sua homenagem a João Pessoa.
O enredo, que explorava o fato de a capital paraibana ser a primeira cidade do continente a receber o sol, até combinou com o horário do desfile, mas não com o clima cinza e chuvoso que acompanhou o desfile da agremiação na manhã de domingo. Mesmo assim, a escola tricolor cantou de forma a fazer São Paulo acordar em clima de Festa Junina em pleno mês de fevereiro.