Ela é investigada pela Polícia Federal devido à compra de mansão de R$ 3 milhões em Brasília no ano passado com o uso de “laranjas”
A advogada Ana Cristina Valle (PP-DF), segunda mulher de Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, viajou para a Noruega nesta semana, sem data definida para voltar.
Ela disputou vaga para deputada distrital e chegou a se apresentar como “Cristina Bolsonaro” para tentar colar no presidente, o que fez com que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, reagisse negativamente.
Mesmo assim, a campanha não teve sucesso. Ela conseguiu apenas 1.485 votos e não obteve uma cadeira na Câmara Legislativa do DF (Distrito Federal).
Será que começou a debandada? Talvez, este provérbio português — “Quando o navio afunda, os ratos são os primeiros a abandonar o barco” — nunca fora tão verdadeiro para entender este fato, prova a ex de Bolsonaro, Ana Cristina Valle, mãe de Renan Bolsonaro.
Ela é atualmente investigada pela PF (Polícia Federal) devido à compra de mansão de R$ 3 milhões em Brasília no ano passado com o uso de “laranja”, conforme foi revelado pelo portal UOL.
“FUGA PREVENTIVA?”
Interlocutores de Cristina Valle estão dizendo que ela está pensando em vender o imóvel em Brasília e teme o aprofundamento das investigações em eventual derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno, que vai ocorrer neste domingo (30).
Além dessa investigação, ela está com o sigilo bancário quebrado junto com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) no procedimento que apura a nomeação de funcionários fantasmas e da prática ilegal de rachadinha no gabinete do vereador.
Ela foi chefe de gabinete do ex-enteado entre 2001 e 2008. Nesse período, ao menos sete familiares dela foram nomeados no gabinete de Carlos. Todos também funcionários fantasmas e agora investigados pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio).
Rachadinha é a caricatura para peculato. O crime de peculato é cometido por funcionário público que, em razão do cargo, tem a posse de bem público, e se apropria ou desvia o bem, em benefício próprio ou de terceiros.
DISCRIÇÃO
Desde que foi derrotada na eleição, ela manteve postura discreta nas redes sociais. Para o período eleitoral, ela tinha levado de Juiz de Fora (MG), para Brasília, a irmã, a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, para trabalhar como cabo eleitoral na campanha.
No ano passado, a coluna da jornalista Juliana Dal Piva revelou no podcast UOL Investiga — A vida secreta de Jair — gravações de Andrea em que ela admite que devolvia quase 90% do salário quando foi funcionária de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e implica diretamente Jair Bolsonaro no esquema criminoso.
DUPLA CIDADANIA QUESTIONADA PELO MJ
Depois que se separou de Bolsonaro, ela obteve cidadania na Noruega no período em que viveu por lá entre 2009 e 2014. Por isso, ela agora está com questionamentos sobre a cidadania brasileira no Ministério da Justiça já que na modalidade em que ela obteve não é possível ficar com duas nacionalidades.
Ao adquirir nova cidadania na Noruega, pelo que prevê a Constituição, ela perdeu automaticamente a brasileira. No entanto, a formalização depende de processo administrativo do MJ.
Em julho, segundo documentos obtidos pelo portal UOL, de órgão fiscal da Noruega, mostram que ela consta como cidadã norueguesa e com status de “residente”. Ela registrou endereço naquele país dia 11 de abril de 2011. Pouco depois, ela casou com o norueguês Jan Raymond Hansen.
NA ESTEIRA DE BOLSONARO
Em 2018, Cristina Valle foi candidata a deputada federal pelo Podemos no Rio de Janeiro. Fez 4.555 votos e não conseguiu se eleger. Na época, ela não informou nada sobre a cidadania na Noruega e também omitiu da Justiça Eleitoral os bens que possui naquele país.
Na ocasião, o caso chegou a ser denunciado para a Justiça Eleitoral, mas o procurador Fábio Aragão arquivou o procedimento sem requisitar informações.
Cristina se mudou para Brasília no ano passado, para onde transferiu o domicílio eleitoral, com planos de fixar residência e disputar a eleição, em que participou, e novamente não obteve sucesso.
M. V.
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