Marcellus Campelo era o secretário de Saúde durante o colapso no fornecimento de oxigênio aos pacientes de Covid no Estado do Amazonas. Ele também é investigado pela PF em relação à construção de hospital de campanha em Manaus
A semana de atividades da CPI da Covid-19, no Senado, começa na terça-feira (15), com reunião semipresencial, a partir das 9h, para ouvir o depoimento do ex-secretário de Saúde do Estado do Amazonas, Marcellus Campelo. A saúde pública, no Estado, entrou em colapso no início de 2021, com falta de leitos e de oxigênio medicinal nos hospitais que recebiam pacientes com Covid-19.
Além disso, a Polícia Federal apura desvios de dinheiro do combate à pandemia, a partir de suposta organização criminosa no Estado. O ex-secretário e o governador Wilson Lima (PSC) estão na “alça de mira” da PF e da Justiça.
O governador, inclusive, iria ser ouvido na CPI na última terça-feira (8). Mas, resguardado por habeas corpus concedido pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que lhe facultava escolher entre ir ou não à CPI, optou por não ir. A CPI vai recorrer da decisão liminar do STF, cuja relatora é a ministra Rosa Weber.
Os requerimentos que pediram a convocação de Marcellus Campelo foram apresentados pelos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Marcos Rogério escreveu no requerimento dele que o ex-secretário terá de “esclarecer os fatos no tocante ao colapso da saúde no Estado do Amazonas no começo do ano”, ao enfrentamento da pandemia pelo governo federal e à fiscalização da aplicação de recursos federais por Estados e municípios no combate à pandemia.
Para Alessandro Vieira, o depoente vai ter de esclarecer “todas as circunstâncias relativas ao colapso da saúde na capital amazonense no início do ano, especialmente com relação à falta de oxigênio e à atuação dos gestores públicos para a resolução da crise”.
HOSPITAL DE CAMPANHA
A Polícia Federal investiga também se o governo do Estado do Amazonas favoreceu empresários locais na construção de hospital de campanha em Manaus.
Os agentes fizeram buscas na casa do governador Wilson Lima, na sede do governo, na Secretaria de Saúde e na residência do então secretário Marcellus Campelo, que chegou a ser preso.
Em junho do ano passado, o governador amazonense já tinha sido alvo de operação por suspeita de fraude na compra de respiradores.
A CPI da Covid-19 aprovou a quebra de sigilos telefônico e telemático de Marcellus Campelo.
A SEMANA NA CPI
Depois do ex-secretário, a CPI vai tomar os depoimentos, nesta semana de:
- Wilson Witzel – ex-governador do Rio de Janeiro, na quarta-feira (16). Dele, a CPI quer saber os caminhos dos recursos federais para compra de respiradores e a construção de hospitais de campanha; e
- Carlos Wizard – suposto membro do “gabinete paralelo”, na quinta-feira (17). Sobre Wizard, cogita-se conduzi-lo coercitivamente a depor, pois não respondeu à convocação enviada pela CPI.
No dia 30 de abril, Tribunal Especial Misto — formado por 5 desembargadores e cinco deputados —, consideraram, de forma unânime, Witzel culpado pelo crime de responsabilidade na gestão de contratos na área da saúde, durante a pandemia. Para que o impeachment fosse confirmado, eram necessários sete votos.
M. V.