Mais de 70 músicos se apresentam no Festival #FicaÓ, no próximo domingo. Bar fica localizado em Pinheiros e é alvo da especulação imobiliária que atinge a região
O Ó do Borogodó, reconhecida casa de samba e choro da capital paulista, realiza neste domingo (24), as 11h, o Festival #FicaÓ, encontro público e gratuito em defesa do reconhecimento do espaço como patrimônio cultural de São Paulo.
O Festival #FicaÓ vai levar para a rua uma grande roda de samba conduzida por cerca de 70 músicos que tradicionalmente se apresentam na casa. Estarão presentes bandas como Cochichando, Trio Gato com Fome, Inimigos do Batente, Tirambaço, Sambas de Cá e de Lá, e Ubandu. E ainda, os músicos Anaí Rosa, Zé Barbeiro, Raquel Tobias, Paula Sanches, Juliana Amaral, Nani Geissler e Jacke Carvalho.
O festival também vai reunir frequentadores e amigos do espaço, como o deputado estadual Eduardo Suplicy, o escritor e colunista Antônio Prata, a ativista, educadora e urbanista Carmen Silva, dentre outros.
Para evitar o encerramento de suas atividades, que tradicionalmente acontecem há mais de duas décadas em Pinheiros, a casa protocolou, no dia 18 de junho, um pedido de reconhecimento como Zona Especial de Proteção Cultural – Área de Proteção Cultural (Zepec-APC). O bar está localizado em uma área que sofre com uma violenta especulação imobiliária.
Previsto na Lei Municipal 16.050/2014 e regulamentado pelo Decreto Municipal 56.725/2015, o dispositivo Zepec-APC está previsto no Plano Diretor Estratégico de São Paulo, aprovado pela Câmara em 2014, e pode ser concedido mediante avaliação do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da cidade de São Paulo (CONPRESP), órgão da Secretaria de Cultura.
Segundo a lei, “poderão ser enquadrados como ZEPEC/APC, sem prejuízo do atendimento à legislação própria, os locais destinados à formação, produção e exibição pública de conteúdos culturais e artísticos, como teatros e cinemas de rua, circos, centros culturais, residências artísticas e assemelhados, abertas ao público, assim como espaços com significado afetivo, simbólico e religioso para a comunidade”.
Que se dá, “por meio de atividades ali exercidas por período igual ou superior a 7 (sete) anos, cuja proteção é necessária para a formação e manutenção da identidade e memória do Munícipio de São Paulo e seus habitantes, assim como para a dinamização da vida cultural, social, urbana, turística e econômica da cidade”, continua a legislação.
Ó DO BOROGODÓ
Criado em 2001, na Vila Madalena, zona Oeste da capital paulistana, o Ó do Borogodó se consolidou como espaço de produção e difusão da música popular brasileira, tornando-se um reduto conhecido pelos artistas e palco de encontro de gerações distintas de músicos.
Além de tornar-se um local de referência musical e de troca de conhecimentos, o Ó caracterizou-se também pela experimentação artística e, principalmente, por gerar uma comunidade que se reúne há mais de vinte anos em torno das expressões musicais brasileiras. Características tais que conferem à casa papel fundamental na formação artística do seu público.
Yamandu Costa, Paulo Moura, Hamilton de Holanda, Gabriel Grossi, Théo de Barros, Léa Freire, Arismar do Espírito Santo, Laércio de Freitas, Armandinho Macedo, Toninho Ferraguti, Danilo Brito, Alexandre Ribeiro integram a lista de músicos que por diversas vezes se apresentaram no espaço.
O rol de artistas se somavam ao time de ouro da casa, formado no início dos anos 2000 por Zé Barbeiro, Alessandro Penezzi, Ildo Silva, Milton Mori e Roberta Valente.
As consagradas rodas de samba atraíram para o Ó renomados nomes da música brasileira como Beth Carvalho, Germano Mathias, Murilão, Silvio Modesto, Moacyr Luz, Wanderley Monteiro, Luiz Carlos da Vila, Délcio Carvalho, Elton Medeiros, Tia Surica, Dorina, Monarco, Toninho Geraes.
O Ó do Borogodó já recebeu, ao todo, cerca de um milhão de visitantes ao longo de sua história, consolidando-se como espaço de encontro, troca, produção e difusão das manifestações musicais da cultura popular brasileira, transformando o que ali se produz em bem coletivo e intangível.
Atualmente, a casa agrega uma comunidade musical de quase setenta músicos de distintas gerações, mantendo sua programação musical voltada primordialmente para o samba e o choro.
SERVIÇO
O Festival #FicaÓ acontece neste domingo (24/09), às 11h, na Rua Horácio Lane, 21, Pinheiros (em frente ao Ó do Borogodó), na cidade São Paulo.