O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse, nos autos de um processo, que uma suposta renda que tem como advogado serviu para o financiamento de R$ 3,1 milhões que completaram os valores para a compra da mansão de R$ 5,97 milhões em Brasília.
Fotos, vídeos, documentos e relatos mostram que Flávio Bolsonaro tinha um esquema de “rachadinha”, que se apropriava de parte do salário dos assessores, no seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Porém, não há registros de processos em que Flávio, o filho “01” de Bolsonaro, tenha atuado ou atue como advogado no Distrito Federal ou no Rio de Janeiro, locais onde tem inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Ele também não advoga em nenhum processo que tramita em instâncias superiores. Sua renda declarada como senador somada com a renda de sua esposa, não é suficiente para o financiamento de R$ 3,1 milhões.
Segundo Flávio Bolsonaro, a renda de sua família “não está adstrita somente à remuneração percebida pelo réu no exercício da atividade parlamentar, visto que o mesmo atua como advogado, além de empresário e empreendedor, por muitos anos”.
Essa afirmação ele fez no processo que corre no Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF).
Flávio Bolsonaro comprou a mansão em janeiro de 2021, no valor total de R$ 5,97 milhões. R$ 3,1 milhões foram financiados junto ao BRB (Banco de Brasília), em 360 meses.
A mansão de 2,4 mil m² tem piscina, suíte master com sacada, espaço gourmet, academia e uma “brinquedoteca”, segundo vídeos de divulgação com imagens internas da casa. Conta, ainda, com cozinha americana e amplos espaços internos e externos.
O imóvel é localizado no Lago Sul, bairro nobre de Brasília, numa área batizada de “Setor de Mansões Dom Bosco”, uma das mais valorizadas da capital.
O valor do imóvel soma quase quatro vezes o patrimônio declarado por Flávio Bolsonaro nas eleições de 2018, quando ele informou possuir bens no valor total de R$ 1,7 milhão, incluindo dois imóveis e participações em uma loja de chocolates.
Flávio Bolsonaro e sua esposa comprovaram, juntos, uma renda de R$ 36,9 mil. O site do BRB diz, entretanto, que, para conseguir um financiamento do realizado, a renda teria que ser de R$ 46,4 mil.
As parcelas são de R$ 18,7 mil por mês.
FLÁVIO ROUBAVA DINHEIRO PÚBLICO
Quando era deputado estadual no Rio de Janeiro, o filho “01” de Jair Bolsonaro comandava um esquema de recolhimento de parte dos salários dos assessores para enriquecimento próprio. O esquema é conhecido como “rachadinha”.
Seu assessor e “centralizador” da organização criminosa era Fabrício Queiroz, que teve uma movimentação bancária suspeita de R$ 7 milhões entre 2014 e 2017.
Queiroz recebeu depósitos de pelo menos 12 ex-assessores de Flávio Bolsonaro, somando R$ 2,08 milhões. Os assessores também tinham a suspeita prática de sacar grande parte do salário. Ao todo, foram sacados mais de R$ 2,15 milhões.
Ao mesmo tempo, Flávio Bolsonaro recebeu R$ 159 mil em depósitos anônimos feitos em sua conta e tinha as mensalidades da escola das filhas pagas pelo assessor Fabrício Queiroz.
O esquema criminoso foi originalmente montado por Jair Bolsonaro no gabinete de seus filhos. Áudios e relatos de familiares e ex-assessores comprovam que a prática acontecia em outros gabinetes, como o de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.
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