Eduardo Bolsonaro (PL-SP) disse que o governo de seu pai, Jair Bolsonaro, não vai aceitar o resultado das eleições de outubro, citou boatos já desmentidos de fraude e não negou possibilidade de golpe.
Em entrevista, Eduardo foi questionado se o governo federal iria aceitar o resultado da próxima eleição e respondeu: “Eu não vou aceitar eleição fraudada. Você aceitaria?”.
Segundo ele, seus eleitores “não têm a segurança de que aquilo que eles digitam lá vai ser contado em Brasília de maneira apropriada”, repetindo as mentiras de seu pai, que diz que as urnas eletrônicas foram e serão fraudadas nas eleições.
O entrevistador perguntou se, então, as eleições seriam fraudadas, como Eduardo tinha acabado de falar, mas o deputado recuou. “Não, eu não falei isso. Ah, não, fraudada acho que ninguém aceitaria. E eu não estou falando que a eleição de agora será fraudada. Não tenho bola de cristal”.
Eduardo Bolsonaro se contradisse: “Não tenho como comprovar que [a eleição] foi fraudada”.
O deputado bolsonarista ainda citou fake news que foram espalhadas por seu pai como exemplos de que as urnas supostamente não são confiáveis. Uma delas é de que pessoas tentaram, em 2018, votar em seu pai, mas aparecia a foto do candidato do PT, Fernando Haddad.
Essa fake news já foi desmentida várias vezes pela Justiça Eleitoral, que mostrou que os vídeos eram falsos.
Seguindo a entrevista, Eduardo foi questionado sobre se o governo Bolsonaro planeja um golpe contra a democracia caso não aceite um resultado das eleições que seja contra ele. Em sua resposta, Eduardo não negou a possibilidade de um golpe.
“A gente não pode trabalhar com esse exercício de futurologia. O jogo ainda está rolando”.
Eduardo falou ainda que é o TSE quem tem causado um tensionamento sobre o processo eleitoral, ao invés de seu pai e o governo.
“O TSE resolve tensionar as coisas. Agora eles convidaram as Forças Armadas, as Forças Armadas estão fazendo sugestões a eles, e espero que eles acatem minimamente essas sugestões”, declarou.
O Tribunal já acatou a maior parte das sugestões feitas pelas Forças Armadas, mas rejeita a proposta do governo Bolsonaro de permitir uma contagem paralela de votos, que serviria apenas para tumultuar.
EDUARDO FRAUDOU EMENDA E DIPLOMA
É sintomático que o filho “02” de Bolsonaro fale em “fraude”, uma vez que ele já praticou fraudes várias vezes.
Uma emenda de R$ 1 milhão enviada por Eduardo Bolsonaro para o Ministério da Cidadania em 2021 foi aprovada às pressas, faltando 26 minutos para o fechamento do sistema do Orçamento, no dia 31 de dezembro, e continha irregularidades.
A verba do deputado federal foi enviada para que o Instituto Vincere organizasse um campeonato de surfe, mesmo que essa entidade nunca tenha realizado nenhuma competição da modalidade.
A área técnica do governo apontou pelo menos 10 inconformidades que mostram que o campeonato era uma fraude. Uma prancha que seria entregue como premiação chegava a custar R$ 25 mil, acima do valor de mercado.
Na emenda de Eduardo ainda há dois orçamentos falsos que serviram para um terceiro ser aprovado de maneira criminosa.
As cotações feitas pela Fábrica de Eventos, do Amazonas, e pela Match Esportes, de Santa Catarina, não foram reconhecidas como verdadeiras pelas próprias empresas.
O orçamento que foi aprovado foi um terceiro, de valor inferior, apresentado por uma empresa que sequer recebe ligações.
Eduardo Bolsonaro escreveu em seu currículo que tinha pós-graduação em Economia no Instituto Mises Brasil, mas é mentira. O próprio Instituto informou que Eduardo continua “cursando” a pós-graduação, não tendo concluído, pelo menos até 2020.
O curso tinha duração de um ano e meio e Eduardo iniciou em 2016, mas até 2019 não tinha entregue o TCC.
MAIS FRAUDE
Também em setembro de 2019, deputado publicou uma foto falsa da ativista ambiental Greta Thunberg.
Ele se valeu de uma montagem falsa para criticar Greta, a jovem ativista que então tinha 16 anos, que participou da Conferência do Clima da ONU, em Nova York.
Antes de o deputado publicar, a montagem já havia sido denunciada como falsa pelo Fato ou Fake, o serviço de checagem do Grupo Globo.
A foto original foi publicada em janeiro de 2019, pela jovem sueca, numa viagem de trem com paisagens ao fundo. As crianças que aparecem na montagem são de uma foto antiga, na África, de uma agência de notícias.
Na postagem, Eduardo Bolsonaro ainda escreve: “A garota financiada pela Open Society de George Soros”, apesar da fundação do bilionário não constar nenhum vínculo direto com Greta.