A cena de funcionários ajoelhados em frente a lojas comerciais da cidade de Campina Grande, na Paraíba, portando cartazes pela abertura do comércio local, correu o mundo esta semana. Segundo o Sindicato dos Comerciários de Campina Grande e Região, os trabalhadores foram coagidos a agirem assim por empresários da cidade, que teriam obrigado os trabalhadores à cena humilhante.
“Denunciamos que muitos funcionários participantes do referido ato, através de denúncias anônimas, foram coagidos a participar do movimento por parte de empresários, com a ameaça de demissão. Também denunciamos a postura de alguns empresários, que dada à presença dos representantes da categoria, de maneira agressiva tentaram inviabilizar a fiscalização e o trabalho destes”, conclui a nota assinada pelo presidente do sindicato, José do Nascimento Coelho.
A denúncia do sindicato de que a iniciativa tenha partido dos patrões fica mais evidente quando observamos o relato do presidente da Câmara de Diretores Logistas de Campina Grande, Artur Bolinha, bolsonarista pré-candidato à prefeitura pelo PSL.
Depois de defender que os funcionários participaram da manifestação de maneira espontânea, Artur Bolinha disse que também se ajoelhou “pedindo a Deus que esse momento difícil passe”.
Em seguida, Bolinha disse que a coação aos trabalhadores “é distorção da esquerda” e prosseguiu chamando o presidente do sindicato de “militante comunista”, repetindo a velha ladainha dos bolsonaristas, que como seu chefe, chamam o coronavírus de gripezinha, defendem a abertura do comércio e são contrários à quarentena para proteger a população.
Já segundo o sindicato, “a maioria dos comerciários é contrária à abertura do comércio neste momento de pico do novo coronavírus”.
Com base na nota do sindicato e matérias da imprensa, o Ministério Público do Trabalho (MPT) informou que instaurou uma “Notícia Fato”, que consiste em uma investigação para apuração do ocorrido, já que até a terça-feira (28) ainda não havia recebido nenhuma denúncia formal.