O ministro-chefe da Casa Civil, general Walter Braga Netto, afirmou na tarde da quinta-feira, (23), durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto, que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, continua no cargo.
Ele garantiu que Moro permanece no cargo ao responder a uma pergunta sobre como estava o impasse entre o ministro e Bolsonaro.
“A pergunta sua é por causa dessas notícias que estão correndo, vou te responder simplesmente o seguinte: a assessoria do ministro Moro já desmentiu a saída dele agora do governo”, afirmou Braga Netto,
No início da tarde de quinta-feira Bolsonaro chamou Sérgio Moro ao Planalto e, a portas fechadas, informou ao ministro que iria trocar o comando da Polícia Federal.
Sua intenção era afastar nos próximos dias o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. Bolsonaro já havia ameaçado tirar Valeixo e colocar alguém de sua confiança. Seu intento era proteger o filho, Flávio Bolsonaro, investigado pelo MP e pela PF do Rio por crimes de lavagem de dinheiro. O presidente já tinha tentado interferir, inclusive, na direção da Superintendência do órgão no Rio de Janeiro. Na época, ele teve que recuar de suas intenções.
Imediatamente após a saída de Moro do Palácio surgiu a notícia de que o ministro estava demissionário. Valeixo é homem de confiança de Moro e foi indicado por ele para o comando da Polícia Federal. A notícia da demissão de Moro tomou conta da imprensa e das redes sociais e passou a ser o assunto mais comentado do dia.
Militares teriam sido acionados para impedir mais uma crise no governo. Sua missão era fazer Moro voltar atrás no pedido de demissão. O clima de impasse ainda perdurava quando o general Braga Netto informou, na coletiva, que o ministro continuaria no cargo. Apesar da informação, até o final da quinta-feira ainda não havia segurança de que Moro permaneceria no cargo. Apenas o jornal Valor noticiou que Bolsonaro havia desistido de demitir Valeixo.
Segundo a jornalista Thaís Oyama, colunista do UOL, Bolsonaro não apenas quer a saída de Valeixo como insiste em nomear para o seu lugar o delegado Alexandre Ramagem, atual diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ramagem foi coordenador da segurança de Jair Bolsonaro na eleição de 2018.
Na época, a nomeação de um delegado da PF para o cargo foi considerada uma ingerência externa e uma desconfiança da Abin pelos integrantes do órgão. O ex-ministro Gustavo Bebiano, antes de morrer, chegou a denunciar, numa entrevista no Roda Viva, a intenção de Carlos Bolsonaro de criar uma espécie de Abin paralela porque ele não confiava no órgão.
Outro nome que Bolsonaro tem sondado para a tentar substituir Valeixo na direção da PF é o delegado Anderson Gustavo Torres, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Torres tem como credencial ser amigo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Ele foi chefe de gabinete do deputado Fernando Francischini (PSL-PR) e conheceu Bolsonaro no Congresso nessa época, quando o atual presidente exercia o mandato de deputado.
As mudanças na direção da PF estão criando um impasse entre Bolsonaro, que quer controlar a polícia, e Sérgio Moro, que, antes de assumir o cargo, obteve a garantia de que indicaria o chefe da PF.