Comandante da Marinha, almirante Leal Ferreira, também rejeitou ser ministro da Defesa de Bolsonaro
O general da reserva Oswaldo Ferreira desistiu de integrar o ministério de Bolsonaro. Ferreira era um dos mais próximos aliados do presidente eleito. Ele trabalha desde 2017 na coordenação de infraestrutura a pedido de Bolsonaro.
Ferreira disse ter motivos pessoais para desistir do cargo. O mesmo motivo foi alegado pelo almirante Leal Ferreira, comandante da Marinha, que recusou ocupar o Ministério da Defesa.
O general Oswaldo Ferreira estava cotado para ocupar o superministério de Infraestrutura. Mas uma mistura de bate-cabeça com puxada de tapete dentro da equipe de Bolsonaro atrapalhou o projeto.
De um lado da equipe estão os interesses do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes; de outro, os generais ligados a Bolsonaro; e de outro lado, o futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS) — que comanda a transição junto com seu braço direito, Paulo Tatim.
O general Oswaldo Ferreira, sem cargo formal, que participa da transição desde o primeiro dia, apresentou um plano a Bolsonaro para o que seria o superministério da Infraestrutura. O presidente eleito avalizou o plano, mas não nomeou o general para o cargo que, no desenho proposto, estaria vinculado à Presidência.
Mas, depois disso, Bolsonaro limitou a três os cargos de ministros vinculados à Presidência. Serão eles: (GSI) Gabinete de Segurança Institucional, que será comandado pelo general da reserva Augusto Heleno; Casa Civil, com Onyx; e a Secretaria-Geral da Presidência, que pode ficar com o advogado Gustavo Bebianno, ex-presidente do PSL.
Com essa formatação, o general ficaria fora do círculo presidencial. Segundo o plano de Ferreira, os ministérios dos Transportes e de Minas e Energia seriam preservados. O general coordenaria essa área como uma espécie de ministro supervisor, ligado diretamente à Presidência.
Entretanto, o plano foi abalroado quando Onyx e Tatim, que coordenam o enxugamento dos ministérios, passaram a contar com Ferreira no Ministério dos Transportes, acabando com ideia do superministério. O general, então, recusou permanecer no governo. “Desde o início eu disse ao presidente Bolsonaro que não fazia questão de ser ministro. Tenho minhas coisas para tocar. Ajudei um amigo em um momento importante”.
Ferreira disse que continuará na equipe de transição. Integrantes da ala dos generais e da equipe de Paulo Guedes afirmam que a decisão de Ferreira é uma forma de alertar Bolsonaro para os interesses políticos de Onyx e Tatim.
Agora, o mais cotado para assumir os Transportes é o general da reserva Jamil Megid Júnior, indicado por Tatim, braço direito de Onyx.
Questionado, Onyx Lorenzoni tentou negar que haja desentendimentos entre o círculo bolsonarista. “Quem falou isso [de desentendimentos] é, no mínimo, desinformado ou mal-intencionado”, declarou. Onyx também negou que seu principal assessor tenha indicado Megid para o cargo de ministro de Transportes.
ALMIRANTE
Para amenizar o estrago, Bolsonaro foi tomar café na manhã desta sexta-feira (16) com o comandante da Marinha, almirante Leal Ferreira. O encontro, realizado no 1° Distrito Naval, no Centro do Rio, ocorreu após Leal Ferreira recusar o cargo de ministro da Defesa. Diante da recusa, Fernando Azevedo e Silva, general da reserva do Exército, foi anunciado ministro da Defesa.
“É um momento para ouvir pessoas mais antigas e jamais me furtarei a conselhos tão importantes quanto o do comandante da Marinha. Também vim agradecer. Ele foi convidado por nós para a Defesa. Declinou do convite por razões familiares, mas não se afastará do meu radar. Sempre o procurarei para que boas decisões sejam tomadas, em especial na área da nossa Marinha”, declarou Bolsonaro.
A. S.