Antes mesmo de anunciar qualquer apuração sobre a suposta invasão hacker ao site do Ministério da Saúde e a sistema ConecteSUS, onde consta o banco de dados dos vacinados contra o coronavírus no país, o governo Bolsonaro já anunciou o adiamento do comprovante de vacinação contra a Covid-19 a passageiros que entrarem no Brasil nos aeroportos.
A informação já havia sido antecipada pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, na manhã desta sexta-feira (10), durante agenda oficial em Minas Gerais. Por volta do meio dia, o adiamento, por 7 dias, foi confirmado pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.
Segundo Queiroga, a situação pode ocorrer já que o sistema ConecteSUS também foi invadido e, com isso, não mostra a comprovação de vacina de cada usuário. “Por conta dos que têm vacina e precisam comprovar, para não ficar em quarentena [para entrada no Brasil], é possível que se postergue a portaria”, declarou.
O governo federal havia publicado na 5ª feira (9.dez) novas regras para a entrada de viajantes no Brasil. Na medida, quem quisesse entrar no Brasil precisaria apresentar um comprovante de vacinação contra a Covid-19 e um teste negativo. Aqueles sem comprovante de imunização precisariam fazer quarentena de 5 dias ao chegar.
Depois de ataque hacker que sites e aplicativos do Ministério da Saúde sofreram na madrugada sexta-feira a medida foi adiada. Ao tentar acessar plataformas, uma mensagem assinada por Lapsus$ Group informa que “os dados internos dos sistemas foram copiados e excluídos” e orienta contato para resgate.
“Estive na Casa Civil e vamos postergar a vigência da portaria que trata das fronteiras, em especial os itens que falam sobre a apresentação do certificado de vacinação ou, em caso contrário, cumprimento da quarentena”, disse Rodrigo Cruz.
A coincidência entre o ataque ao ConecteSUS e a suspensão das medidas restritivas foi alvo de critica de parlamentares e cientistas.
Para o deputado federal, Orlando Silva (PCdoB-SP), relator do PL das Fake News na Câmara, o ataque é “inacreditável” já que ocorre “justamente quando se debate a necessidade do passaporte da vacina”.
Marcelo Freixo (PSB-RJ), defendeu a investigação e identificação dos criminosos. “Num dia Bolsonaro e Queiroga atacam o passaporte sanitário. No outro o ConecteSUS, uma plataforma do Ministério da Saúde, é hackeado e os comprovantes de vacinação são apagados. É preciso investigar quem são os responsáveis por esse crime”, publicou em seu Twiter. .
O biólogo e divulgador científico Atila Iamarino comentou sobre o ataque e destacou que os sites saíram do ar justamente em meio ao impasse entre a Anvisa e o governo federal para a cobrança de passaporte vacinal para a entrada de viajantes no país.
Para o epidemiologista, Pedro Hallal, o adiamento da medida pelo governo federal é uma “vergonha”. “A quarentena de faz de conta brasileira foi adiada por mais uma semana. Ou seja, além de não funcionar, ela só será aplicada depois que a variante já estiver circulando livremente no Brasil”, criticou o ex-reitor da UFPel.
Na internet, pessoas também associaram o ataque hacker com a possível exigência do passaporte de vacinação.