O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou no Diário Oficial da União desta terça-feira (17) o registro de 63 novos agrotóxicos para uso no país. Desde o início do ano foram liberados 353 novas autorizações de agrotóxicos, o equivalente a 1,4 registros por dia.
O ritmo de liberação deste ano segue sendo o mais alto da série histórica do ministério, iniciada em 2005.
Dos 63 produtos registrados nesta terça-feira, 15 são extremamente tóxicos à saúde humana (classe I), 10 altamente tóxicos (classe II), 30 são medianamente tóxicos (classe III), 2 são pouco tóxicos (classe IX) e 6 seguem o perfil toxicológico do produto técnico de referência.
Em relação aos riscos ao meio ambiente, três deles são altamente perigosos ao meio ambiente, 44 são muito perigosos ao meio ambiente e 16 são perigosos ao meio ambiente. Não houve nenhum registro de agrotóxico classificado como pouco tóxico dessa vez.
Dois princípios altamente tóxicos entre os dez liberados são banidos em outras partes do mundo. O clorfenapir, banido no Reino Unido, e o fipronil, que não foi aprovado nem nos Estados Unidos nem pelos britânicos. O produto está entre os mais nocivos às abelhas, tanto que o Ministério Público do Rio Grande do Sul pediu à Justiça a sua suspensão do cadastro estadual de agrotóxicos.
Dentre os venenos liberados está o dinotefuram que é utilizado no controle de insetos sugadores, como percevejos. Ele poderá ser aplicado em 16 atividades: arroz, aveia, batata, café, cana-de-açúcar, centeio, cevada, citros, feijão, milheto, milho, pastagem, soja, tomate, trigo e triticale.
Ele é considerado extremamente tóxico pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O pesticida não tem registro para uso agrícola na União Europeia (apenas doméstico) e está em reavaliação nos Estados Unidos, onde o primeiro registro consta de 1985. Para uso agrícola, o produto tem aval desde 2004.
De acordo com o Ministério da Agricultura, que é chefiado pela “Musa do Veneno”, Teresa Cristina, a grande maioria dos produtos registrados, agora pelo governo Bolsonaro, já tiveram a patente expirada. Esses produtos são tidos como genéricos “aumentam a concorrência no mercado e diminuem o preço, caindo o custo de produção”, afirma o governo. O que o Ministério desconsidera é que quanto mais barato, maior o consumo, o que é ruim para a saúde humana, para os animais e o meio ambiente. Além disso, as maiores lavouras – soja, milho, algodão, eucalipto – são à base de plantas geneticamente modificadas para resistir a maiores doses de venenos agrícolas.
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