Diante da situação de alerta causada pela nova variante do coronavírus, a ômicron, estados e capitais anunciam a contenção de aglomerações que haviam sido liberadas e reforço das medidas de prevenção contra a Covid-19.
Em São Paulo, o governo estadual manteve obrigatório o uso de máscaras em locais abertos, enquanto a Prefeitura da capital paulista cancelou as festividades da virada de ano que estavam programadas. Já no Rio de Janeiro, o prefeito Eduardo Paes (PSD) ampliou a exigência da obrigatoriedade da vacinação para quem deseja freqüentar espaços públicos.
O governo de São Paulo decidiu seguir uma recomendação do comitê científico e anunciou que o uso de máscaras em locais abertos continua obrigatório. A medida foi tomada após a confirmação do 3º caso da variante ômicron do coronavírus na cidade de São Paulo.
“Decidimos adotar essa medida por prudência com o cenário epidemiológico no estado. Todos os números demonstram que a pandemia está recuando em São Paulo, mas vamos optar pela precaução. O nosso maior compromisso é com a saúde da população”, afirmou o governador João Doria (PSDB), em nota.
Na semana passada, o governo estadual havia anunciado que o uso de máscara deixaria de ser obrigatório em espaços abertos a partir do dia 11 de dezembro.
A cidade do Rio de Janeiro ampliou a obrigatoriedade do comprovante de vacinação. Antes restrito a shows, cinemas e academias, o ‘passaporte’ será necessário para a entrada também em diversos outros espaços da cidade, como bares (áreas internas), lanchonetes, restaurantes e refeitórios; salões de beleza e centros de estética; hotéis, pousadas e aluguel por temporada.
Inicialmente o decreto da Prefeitura também previa a exigência do comprovante de vacinação para táxis, shoppings e transporte por aplicativo. Mas, segundo o prefeito da cidade, houve um exagero. “O passaporte vacinal é um garantia para que a cidade continue aberta. É a garantia de que o Rio vai voltar a funcionar, como voltou. Ele diminui o risco de transmissão e protege as pessoas dos riscos de morte. Eu assinei o decreto, mas tem de ver a praticidade e efetividade de algumas medidas mesmo. Não adianta criar medidas que a gente sabe que ninguém vai cumprir”, disse Paes.
Capitais cancelam festa de réveillon
A cidade de São Paulo também continuará exigindo o uso de máscaras em espaços abertos e cancelou a festa de Réveillon na Avenida Paulista, no centro. As medidas foram recomendadas pela Vigilância Sanitária, que elaborou um estudo com indicadores epidemiológicos e assistenciais.
A conclusão do estudo estava prevista para ser entregue no próximo domingo (5), mas foi antecipada para a Secretaria Municipal da Saúde na noite de quarta (1º).
“Embora todos os dados do município sejam positivos, mas o surgimento da variante [ômicron] e também o mês de dezembro com o comércio popular, foi indicado a manutenção do uso das máscaras e o cancelamento do Réveillon”, afirmou Edson Aparecido, titular da pasta.
Pelo menos outras 15 capitais brasileiras decidiram não realizar as festas de Réveillon na virada de 2021 para 2022. A maior parte delas comunicou a decisão nos últimos dias em virtude da preocupação causada pela variante ômicron.
Além de São Paulo, cancelaram as festas da virada de ano: Aracaju, Belém, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Palmas, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Luís e Vitória.
Em Florianópolis e Recife, haverá queima de fogos, mas os shows foram cancelados.
Rio de Janeiro, Manaus, Porto Velho e Maceió ainda planejam fazer o evento.
Belo Horizonte, que não realiza réveillon desde a virada de 2015 para 2016, seguirá sem festa este ano. É o caso também de Curitiba, que, assim como em outros anos, não terá programação especial de Ano Novo.
Ainda não há definição se haverá o evento em Teresina, Macapá, Rio Branco, Goiânia e Boa Vista.
Segundo o prefeito da capital paraense, Edmilson Rodrigues (PSOL), a mudança se deu “a partir do quadro de incertezas” trazido pela nova variante. “Dentro da responsabilidade que sempre pautou nossas ações em relação ao enfrentamento da Covid-19, estamos suspendendo a realização do Carnaval e da festa de Ano-Novo em Belém”, afirmou no Twitter.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) enviou aos governos ontem alerta em que aponta risco global “muito alto” da ômicron. Mas destacou haver poucas evidências concretas sobre a possibilidade de a nova cepa ser mais transmissível ou escapar das vacinas.
“Diante da chegada de uma nova variante do coronavírus e do aumento de casos na Europa, estou tomando a decisão de cancelar o Virada Salvador deste ano”, escreveu o prefeito soteropolitano Bruno Reis (DEM), nas redes sociais. O evento costuma reunir mais de 250 mil pessoas. Reis prevê adiar ao máximo a decisão sobre o Carnaval — ele quer bater o martelo com o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Pressionado por empresários do setor, Costa já sinalizou cautela.
Na sexta, o governo do Ceará informou o cancelamento da tradicional Festa da Virada, na praia de Iracema, em Fortaleza. “Até chegamos a considerar a possibilidade de realizar nossa tradicional festa da virada, se a situação permitisse”, disse o prefeito José Sarto (PDT). “O cenário internacional é preocupante.”
Florianópolis vai ter queima de fogos, mas não shows musicais. Por outro lado, a capital catarinense prevê festividades natalinas com público.
João Pessoa cancelou a festa, mas o acesso às praias está liberado. Belo Horizonte disse não planejar a festa pública de Réveillon desde 2015, situação semelhante à de Curitiba, que nos últimos anos não vem realizando eventos públicos no dia 31 de dezembro.
Paulo Ziulkoski, presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios) diz que, com ou sem ômicron, “todos que puderem suspender aglomerações” devem adotar a medida. “Não podemos baixar a guarda”, afirma. Levantamento da CNM, feito de 16 a 19 de novembro, mostra que, de 2.362 gestores ouvidos, 97,8% pretendiam continuar com o uso obrigatório de máscara em locais privados e 88,6% disseram mantê-lo em espaços públicos.
Vale lembrar que dentre esses cancelamentos dos eventos de final de ano, estamos falando somente dos eventos públicos realizados pelas prefeituras e governo dos estados. Festas privadas continuam liberadas para funcionamento normal, sem qualquer tipo de proibição.