Por falta de Coronavac a vacinação de crianças de 3 a anos contra a Covid 19, prevista para começar daqui a 5 dias, pode não acontecer. No Distrito Federal, onde a imunização deve começar nesta semana, o baixo estoque da Coronovac na Rede de Frios — locais de armazenamento a baixas temperaturas — ameaça o início da vacinação.
Até o começo da manhã de ontem, havia 10.560 doses do imunizante, ao final do dia, restavam apenas 6.360.
A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) anunciou nesta segunda-feira a distribuição de todo o estoque do imunizante da Coronavac — único autorizado para crianças — para os mais de 70 pontos de vacinação infantil.
“A medida é o primeiro passo para iniciar a vacinação na faixa etária”, disse a SES-DF, em nota. A secretaria também afirmou que aguarda publicação de nota técnica do Ministério da Saúde para iniciar a vacinação contra a covid-19 de crianças a partir de 3 anos.
A SES-DF reiterou em nota, na manhã desta terça-feira que o governo local pretende iniciar a aplicação das vacinas contra a covid-19 nas crianças de 3 e 4 anos, mas, até o momento, não recebeu a nota técnica do Ministério da Saúde, além da quantidade de imunizantes disponibilizado.
O documento necessário para o início da vacinação deste segmento infantil indica a dosagem adequada, além da expectativa do número de crianças a ser imunizado e o intervalo entre as doses. Espera-se que o Ministério da Saúde encaminhe as informações ainda nesta terça-feira.
Além do DF, seis capitais do país anunciaram o início da vacinação contra a Covid-19 para a faixa etária com a Coronavac. A imunização do novo público ocorre após aval do Ministério da Saúde, na semana passada.
No entanto, vários estados e municípios dispõem, atualmente, de baixo estoque do imunizante do Instituto Butantan, e a maior parte é o que sobrou de etapas anteriores da vacinação.
Após questionamento da imprensa se a quantidade de doses disponíveis na rede pública era suficiente para imunizar a nova faixa etária, o Ministério da Saúde apenas disse que iniciou tratativas com o Instituto Butantan para a aquisição de novas doses.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou o uso da vacina Coronavac para crianças de 3 e 4 anos na última quarta-feira (13)). Porém, uma vez que os imunobiológicos do Butantan são fabricados sob encomenda, não há produção em andamento.
Agora, o Ministério da Saúde precisará encomendar mais doses para suprir a nova demanda do público infantil. No momento, a pasta recomenda que seja utilizado os estoques existentes nos estados e municípios.
O documento necessário para o início da vacinação deste segmento infantil indica a dosagem adequada, além da expectativa do número de crianças a ser imunizado e o intervalo entre as doses. Espera-se que o Ministério da Saúde encaminhe as informações ainda nesta terça-feira.
É visível a falta de empenho por parte do governo Jair Bolsonaro em vacinar as crianças. Após seis meses do início da imunização da faixa etária dos 5 a 11 anos, 40% das crianças ainda não receberam nenhuma dose de vacina contra Covid – 7,5 milhões de crianças seguem totalmente desprotegidas.
Entre as crianças indígenas, a realidade é ainda pior: apenas 24% estão com a imunização completa, segundo a Secretaria de Saúde Indígena. “Os baixos índices de vacinação infantil contra a Covid lançam dúvidas também sobre o desempenho da próxima etapa da campanha, que deve mirar na faixa etária mais nova, entre 6 meses e 4 anos”, avaliou a Ong Repórter Brasil, em texto publicado no mês passado.
A primeira etapa da vacinação das crianças foi liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em 16 de dezembro de 2021, resultado de uma ampla campanha em defesa da imunização pela comunidade médica e científica.
Vencida a resistência do governo anticiência, o imunizante pediátrico da Pfizer foi o primeiro a ser autorizado. Apesar disso, o Ministério da Saúde levou quase um mês para incluir o grupo no plano de vacinação contra a Covid. Atraso que ajudou a gerar e promover insegurança quanto à imunização para essa faixa etária.
A vacinação de criança de 5 a 11 anos contra covid-19 ainda não alcançou a cobertura necessária para proteger esse público. A campanha foi iniciada em 16 de janeiro e cerca de 267 mil meninos e meninas dessa faixa etária nem sequer receberam a primeira dose. Outros 43 mil estão com a segunda dose em atraso.
Especialistas avaliam que a falta de vontade e demora do governo federal em iniciar rapidamente a vacinação, assim como declarações oficiais de autoridades contra os imunizantes, comprometeu a confiança dos pais logo no início da campanha.
“Houve uma campanha contra (a vacina), com presidente que não vacina sua filha, e ministro que tenta passar lei que obrigue a prescrição médica para vacinar”, diz Renato Kfouri, pediatra infectologista e presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
“Os pais sempre protegem seus filhos e ficam em segundo plano, mas, pela primeira vez na história das vacinas, os pais vacinados não quiseram proteger seus filhos”, completa.
As principais críticas à imunização do público infantil partiram do próprio presidente, que mais de uma vez desdenhou da vacina e da segurança dos imunizantes e desaprovou a exigência da vacinação.
Em dezembro, Bolsonaro ameaçou expor os funcionários da Anvisa responsáveis por liberar a vacina e, dias depois, afirmou que a própria filha, de 11 anos, não seria vacinada.
A média móvel de infecções por Covid está em 1.286,20, o que representa uma diminuição de 52,19% em relação a 14 dias atrás. Já a média móvel de óbitos subiu e está em 2,60 — isso representa uma redução de 40,91% na comparação com o cálculo de duas semanas atrás.