A paralisação dos auditores fiscais da Receita já atinge o maior porto seco do Brasil, na fronteira do Brasil com a Argentina. Nesta quarta-feira, 634 caminhões estão parados na alfândega de Uruguaiana (RS), aguardando liberação aduaneira.
A greve, que também afeta as alfândegas da Receita Federal em Pacaraima, município de Roraima que fica na fronteira com a Venezuela, Boa Vista (RR) e Manaus (AM), é por tempo indeterminado.
A paralisação dos auditores da Receita e entrega de cargos de chefia faz parte do movimento que tomou conta dos funcionários públicos federais por reajuste salarial, desde que, em dezembro, Bolsonaro prometeu aumento apenas para os policiais federais e nada para o restante dos servidores.
Ontem, milhares de servidores protestaram em Brasília e vários órgãos tiveram suas atividades paralisadas.
Desde dezembro, cerca de 1.300 auditores já entregaram cargos em comissão e funções de confiança em todo o país, e o movimento se estendeu a outras carreiras de Estado, como servidores do Banco Central (BC) e auditores do Trabalho.
Além da questão salarial, os servidores da Receita protestam contra o corte de recursos no órgão e falta de concurso público, e pressionam o governo pela regulamentação do bônus de produtividade, previsto na lei 13.464, que a categoria negocia desde 2016.
Sobre a paralisação em Uruguaiana, o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil) informou que apenas cargas perecíveis, medicamentos e animais vivos estão sendo liberados para exportação ou importação.
O sindicato diz ainda que o volume de caminhões parados está no limite da capacidade do pátio da Receita, que comporta 640 veículos de cargas.
“O desejável é não precisarmos chegar ao ponto de incomodar ainda mais a sociedade, mas isso depende de o governo cumprir o que foi apalavrado no ano passado, por meio de vários encontros com seus representantes, inclusive com os ministros Paulo Guedes, Ciro Nogueira e o presidente da República”, ressaltou o presidente do Sindifisco da regional de Brasília, George Alex de Sousa.