Nesta terça-feira (23), o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad participou da sabatina do portal G1, ocasião em que defendeu a criação de um piso salarial para os policiais do Estado.
“Precisamos discutir piso da categoria, chamar os policiais e discutir o piso da categoria, eu defendo um piso mais alto com progressão gradual. Pra quê fazer isso? Porque você atrai sangue novo para a carreira e nós precisamos disso, energizar, oxigenar a carreira”, sustentou.
“Eu vou sentar com a direção da polícia e nós vamos dar transparência e chamar especialistas para entender o que é razoável exigir do estado em quatro anos para a redução da criminalidade. O estabelecimento da carreira vai estar definido, o que vai ser pactuado é a progressão, aí sim. Quanto o policial vai ganhar quando entrar na carreira nós vamos fixar já, no começo da carreira, a progressão é com base no desempenho pessoal de cada profissional”, completou.
O ex-prefeito afirmou. ainda. que quer rever todos os contratos da área da saúde, que hoje é praticamente gerenciada por organizações sociais, com repasses do estado.
Em seu programa de governo, Haddad propõe despejo zero em ocupações. Segundo o candidato, as reintegrações de posse devem ser reavaliadas e é possível fazer justiça social e tentar conter a demanda por moradia sem prejudicar ninguém.
“Vai ser aplicada a lei, mas tem formas de fazer isso. Não vou ficar jogando bomba. Às vezes tem uma ocupação consolidada de anos. Aconteceu em SP: várias reintegrações de posse em que eu baixava um decreto de utilidade pública. Indenizar o proprietário que ganhou a ação, eu indenizo e destino aquela terra para parcelamento. Eu não preciso prejudicar ninguém para fazer justiça social”, disse.
CRITICA ÀS OSS
Haddad afirmou que o modelo de gestão do estado em parceria com organizações sociais precisa ser revisto. Ele citou o que fez na área da saúde quando esteve à frente da prefeitura de SP.
“Em São Paulo, eu revi todos os contratos com as OSs. Eu soltei editais públicos e nunca mais contratei por conveniência como se faz. Aliás, o governo do estado faz por conveniência. Eu sempre fiz chamamento público. Solto o edital, convoca as OSs e faz as parcerias de acordo com critérios técnicos e transparência”, defendeu.
Da mesma forma, Haddad afirmou que irá governar dialogando com todos os partidos, mas deseja se manter distante do chamado ‘Centrão’.
“Eu acho que esses partidos que compõem a base, são seis partidos, eles estão no mesmo campo, campo do centro, centro-esquerda. Tem perspectivas aparentadas, embora não sejam as mesmas. Eu prefiro isso do que ter o Centrão na minha base. O Centrão é um grande mal para o país”, afirmou.
A coligação de Haddad é formada pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), pelo PSB e pela Frente PSOL e Rede.
FALTOU COMUNICAÇÃO
Durante a entrevista, ele também fez uma análise sobre a sua gestão à frente da Prefeitura de São Paulo.
“Eu não fiz nada que não constava e defendido em 2012. Eu acho que esperaria amadurecer mais a compreensão sobre a necessidade daquelas medidas. Quando falou sobre mortes de trânsito em SP, morrem 1500 pessoas e hoje morrem 750, quando dizia isso eu tinha que esperar um pouco para amadurecer essas ideias no conjunto da sociedade. Eu acredito na forma, menos no conteúdo, alteraria a maneira de comunicar.”
Embora defenda mudar a forma, ele acredita que a população, hoje, tem um melhor entendimento das propostas que ele tentava implementar.
“Eu creio que está havendo uma reavaliação da minha própria gestão. Eu vejo as pesquisas de opinião sobre aquele tempo e vejo que o paulistano está mais feliz com aquela gestão do que hoje, depois que o Doria assumiu. Houve uma compreensão das medidas que tomei. Na época, era contestável fazer a faixa de ônibus na 23 de maio, no corredor norte e sul, as pessoas tinham dúvida da necessidade de uma malha cicloviária, sobre hospitais dia. Eu talvez mudaria a maneira de comunicar e dialogar para implantação das medidas”, argumentou.
MUDANÇAS
Na avaliação de Haddad, tanto o PT quanto o PSDB sofreram mudanças simbólicas nos últimos anos. Na avaliação do ex-prefeito da capital, a chegada de João Doria, ex-governador de São Paulo, ao PSDB descaracterizou o partido.
“O PT mudou e o PSDB mudou demais com o Doria na carreira pública. A origem do PSDB era muito democrata. Covas, o próprio Geraldo. O Doria empurrou o partido mais pra direita, apoiou o Bolsonaro em 2018, e trouxe o Rodrigo Garcia do DEM para o PSDB, o que fez a saída do Geraldo. Mudou muito o PSDB em virtude da alteração dos quadros”, afirmou.
Quanto ao próprio partido, ele defende o posicionamento mais diplomático incorporado pela legenda.
“O PT abriu para alianças para o centro, que vai do PSOL passando pela Rede. Nossa aliança dá um conforto muito grande pra fazermos mudanças com competências técnicas para governarmos o país”, avaliou.