Medida é ineficaz, dizem os especialistas. Bolsonaro insiste em não proteger a população contra as novas variantes do coronavírus
“Cinco dias de isolamento nos aeroportos para não vacinados é uma farsa, um embuste. Puro ‘faz-de-conta’ de Bolsonaro que, na verdade, nunca quis combater o vírus”, afirmou o epidemiologista Pedro Hallal, ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, ao comentar a recusa do governo em instituir o passaporte vacinal para as pessoas que viajam ao Brasil.
Mais de 100 países do mundo adotam o passaporte vacinal para proteger suas populações contra novas ondas de contaminação, principalmente contra as últimas variantes do novo coronavírus.
No Brasil, Bolsonaro nunca se preocupou em proteger a população. Ao contrário, ele defendeu que todos se infectassem o mais rapidamente possível, na chamada imunidade de rebanho. A medida foi responsável por um verdadeiro genocídio e o Brasil ficou em segundo lugar do mundo em número absoluto de mortes, passando de 615 mil.
Agora, que foi dado o alerta contra a nova variante ômicron, e o mundo inteiro toma medidas sanitárias para evitar uma nova expansão da pandemia, Bolsonaro insiste em colocar a vida dos brasileiros em risco. Ele não quer controlar os aeroportos do país.
“A Anvisa quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?”, vociferou o “capitão cloroquina”. Bolsonaro já foi responsável, com seu negacionismo, pela morte de centenas de milhares de pessoas que poderiam ter sido salvas e segue querendo aumentar o número de vitimas. Só não há um quadro mais grave, devido a essas posições retrógradas de Bolsonaro, porque, mesmo ele fazendo campanha direto contra os imunizantes, a população brasileira não seguiu esse caminho e está se vacinando em massa.
Em novembro, ao contrário do que afirmou Bolsonaro, a Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) enviou à Casa Civil notas técnicas sobre a entrada de viajantes no Brasil e não propôs “fechar o espaço aéreo”, mas abrir as fronteiras para aqueles que comprovarem a vacinação e exigir uma quarentena para os não imunizados.
A decisão de não exigir o passaporte vacinal e fazer um isolamento de apenas cinco dias, além de ser ineficaz para proteger a população brasileira e os demais passageiros, não tem nenhum embasamento científico. Especialistas têm alertado que o Brasil corre risco de se transformar em “paraíso” de turistas antivacina, que podem disseminar rapidamente a nova variante do Sars-Cov2 no país.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, um serviçal de Bolsonaro que rasgou o diploma de medicina para agradar o chefe, se chocou com toda a comunidade científica e manifestou opinião contrária ao passaporte vacinal, medida adotada em todo o mundo. “Passaporte não ajuda, não ajuda em nada. O Brasil já tem um regulamento sanitário que é um dos mais avançados do mundo”, disse ele.
“E essas matérias, elas são matérias administrativas. O certificado de vacinação está lá, qualquer um pode pegar. E você começar a restringir a liberdade das pessoas, exigir um passaporte, carimbo, querer impor por lei uso de máscaras pra tá multando as pessoas, indústria de multa, nós somos contra isso”, acrescentou Queiroga, que renega medicina e se rende ao negacionismo de Bolsonaro simplesmente porque quer ser candidato em 2022.
Os brasileiros precisam confirmar que foram vacinados quando vão ao exterior, mas o ‘ministro-serviçal’ segue as ordens obscurantistas de Bolsonaro e não aceita a sua implantação no Brasil. E, contraditoriamente, ao mesmo tempo que se recusa a tomar a medida da implantação do passaporte vacinal, o governo discrimina os países africanos ao bloquear totalmente as viagens ao Brasil de seis países daquele continente.