Os negócios da Black Friday foram atrapalhados pelos desatinos econômicos de Bolsonaro, que afundaram o país na crise econômica – agravada pelo alto desemprego, inflação em disparada, forte desvalorização do real frente ao dólar e juros nas alturas.
Diante da disparada da inflação e da desvalorização do real frente ao dólar, o dia de promoções da Black Friday no Brasil teve poucos clientes nas lojas e descontos nada animadores na internet – onde se concentra o maior número de vendas.
Para a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o desempenho da Black Friday neste ano sinaliza um Natal mais fraco para o comércio do que o previsto inicialmente.
Incorporada ao calendário do varejo nacional em 2010, “a Black Friday funciona como um termômetro”, disse o economista Fabio Bentes, da CNC, ao jornal Valor Econômico. “A inflação é a grande vilã. É a principal responsável pela projeção de queda”. “Com a inflação, os juros vêm subindo para o consumidor”, completou Bentes.
Em setembro, a CNC havia estimado que as vendas natalinas de 2021 teriam alta de 3,8%, em termos reais (descontada a inflação). No entanto, essa projeção tende a ser revisada para baixo em breve, de acordo com Bentes. Em nota recente, a CNC projetou uma queda de 6,5% para as vendas da Black Friday no Brasil, já descontada a inflação. É a primeira retração projetada em cinco anos, desde 2016.
Segundo monitoramento da Neotrust, empresa especializada em dados de vendas virtuais, foram mais de 6,1 milhões de pedidos até as 20h de sexta. O volume é praticamente igual ao registrado até o mesmo horário no ano passado. O faturamento estava em R$ 4,3 bilhões, 6% acima do contabilizado no período em 2020.
No entanto, estes números preliminares não levam em consideração a inflação do país, que registra em 12 meses a maior alta desde o começo de 2016. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em alta de dois dígitos, 10,67%, nos 12 meses encerrados em outubro. Ou seja, considerando a inflação, o faturamento da Black Friday estava 4,2% menor.
O setor de entretenimento apresentou uma queda de 33%, na comparação com o ano de 2020. Informática e telefonia também tiveram desempenho aquém do esperado. O primeiro item diminuiu 24% em relação a 2020, e o segundo patinou em alta de 2%. O mesmo aconteceu com eletrodomésticos e ventilação, que amargou aumento de apenas 1% em comparação com dois anos atrás.
Com os preços dos alimentos nas alturas, os brasileiros correram atrás dos descontos para abastecer suas geladeiras e armários. Segundo a Associação Paulista de Supermercados (Apas), os produtos mais procurados no varejo alimentar foram carnes, chocolates e bebidas alcoólicas.
De acordo com a Neotrust, a categoria alimentos e bebidas sofreu um aumento exponencial em relação a 2019: o número de pedidos cresceu quase 422% em dois anos. Em relação ao ano passado, o crescimento foi de 77% nessa categoria, o maior entre todas. Esses dados foram contabilizados até às 16h de sexta e comparados com o mesmo período de anos anteriores.