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A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta segunda-feira (31) quatro homens em flagrante, por apologia ao nazismo. Os detidos integravam uma organização criminosa e um deles é o atual diretor de um motoclube que já tinha sido detido, em 2013, também por crime de apologia ao nazismo. Os quatro foram capturados no bairro do Méier, na Zona Norte da capital fluminense.
Segundo as investigações, os criminosos efetuaram disparos de arma de fogo contra um bar. Após abordagem a dois deles, os agentes encontraram uma arma de fogo, munições e duas facas, além de drogas. Ainda de acordo com a polícia, a motocicleta que conduziam estava com placa adulterada e eles usavam um colete com símbolos com referências nazistas. Todo o material foi apreendido.
Durante a prisão, foram encontrados banners e os coletes usados pelos motoqueiros, todos com inscrições da SS, a polícia alemã de proteção a Hitler, responsável pelo genocídio de milhares de judeus durante o holocausto.
A investigação que resultou nas prisões começou em maio, quando a 26ª DP (Todos os Santos) recebeu uma denúncia anônima de um ataque a um bar no Méier. Imagens de câmeras de segurança mostraram os disparos – pelo menos 10 tiros na porta. Os atiradores estavam em um carro.
O veículo, um Palio, foi localizado graças a um porta malas preto. Quando os policiais chegaram ao local, encontraram dois homens em uma moto, que também tinham ido resgatar o automóvel.
Os admiradores de nazistas que foram levados nesta terça (01) para a audiência de custódia, são Philipe Ferro de Lima, que já tinha sido preso por racismo em Niterói em 2013, o argentino Rodrigo Spinoza, Alexander Leoncio Barbosa, Rafael Ferreira Santos.
Um outro comparsa que também integra o moto clube, Hino Sadayuki, já havia sido apreendido no domingo, depois de participar de uma briga e ter disparado tiros. Ele está internado, sob custódia.
Em publicações nas redes sociais, o perfil do motoclube afirma apoiar “a liberdade de um cidadão pai de família ter uma arma em casa”, e que o clube é “patriota e nacionalista, conservador nos costumes, mas não politizado”. O bando ainda afirma que se orgulha de dizer que cresceu “na contramão do politicamente correto”.
Após a divulgação das imagens do grupo nesta terça-feira, uma vítima reconheceu seu agressor e procurou a delegacia. O homem, que tem deficiência auditiva, contou que foi violentamente espancado pelo argentino Rodrigo Spinoza, por ter apenas esbarrado nele.
Alexander Leôncio Barbosa e Rodrigo Espinosa Perello irão responder por porte de arma de fogo de uso restrito, posse de arma branca, falsificação de sinal de veículo, organização criminosa e crime de apologia do nazismo.
Philipe Ferreira Ferro de Lima, diretor do motoclube, responderá pelos crimes de tráfico de drogas, organização criminosa e de apologia ao nazismo. Rafael Ferreira Santos, outro integrante do bando, também foi preso por suspeita de crime de apologia do nazismo.
“Eles se organizavam para cometer crimes, ostentavam em seus coletes símbolos nazistas para intimidar as pessoas, que ficavam com medo de denunciá-los”, afirma o delegado Felipe Santoro, titular da 26ª DP, responsável pela investigação. No caso de Lima, “há pelo menos dez anos o acusado vem se dedicando à prática racista e discriminatória”, informa Santoro.
“As investigações vão prosseguir para a identificação de outros integrantes deste grupo criminoso que na verdade tem ramificações em diversos estados”, diz o titular da 26ª DP. A gente está apurando quais são os demais crimes que eles vêm cometendo e especificamente esses crimes de ódio e discriminação”, finaliza o delegado.