A Polícia Federal prendeu durante a manhã desta quarta-feira (22), o ex-ministro da Educação do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro. Ele está sendo investigado por corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do Ministério da Educação (MEC).
Anteriormente, o presidente Jair Bolsonaro, em uma de suas lives semanais, havia dito que confiava tanto no ministro que “colocaria sua cara no fogo” por ele.
Na internet, muitos criticaram a postura do presidente e apontaram incongruências com seu discurso anti-corrupção, tão forte nas eleições de 2018. Por outro lado, outros internautas não perderam tempo e logo resgataram a fala do presidente, usando-a como base para muitos memes.
Entre os mais comuns, encontravam-se pessoas perguntando se o presidente já havia “cumprido sua promessa” e aqueles que relacionavam a fala de Bolsonaro com a típica fogueira das festas de São João.
O CASO
O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (22), por conta da Operação “Acesso Pago”, que investiga esquema de corrupção envolvendo pastores evangélicos durante a gestão dele à frente do MEC.
Uma fonte da PF em São Paulo falou à TV Tribuna que Milton Ribeiro foi detido em Santos e que ele deve ser levado para Brasília. De acordo com o porteiro do prédio em que ele mora, o ex-ministro foi levado aproximadamente às 7h00.
A apuração da TV Globo diz que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura também são alvos da operação deflagrada pela PF. Eles são investigados por atuar informalmente em conjunto com prefeitos para a liberação de recursos do Ministério da Educação.
Em áudio divulgado em março deste ano, Ribeiro diz que o presidente Jair Bolsonaro solicitou a ele que os municípios indicados pelos dois pastores recebessem prioridade na liberação de recursos. Prefeitos disseram em depoimento que eles exigiram propina.
Os policiais federais também realizaram buscas em endereços ligados aos investigados. Outro alvo de mandado de busca foi a sede do Ministério da Educação, em Brasília.
A INVESTIGAÇÃO
A Polícia Federal investiga Ribeiro por suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e a atuação informal deles na liberação de recursos do ministério. Existe a suspeita de cobrança de propina também.
O inquérito foi aberto depois que o jornal “O Estado de S. Paulo” revelou, em março, a existência de um “gabinete paralelo” dentro do MEC controlado pelos pastores.
Dias depois, o jornal “Folha de S.Paulo” divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro disse que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.
“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, falou o ministro no áudio.
“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, completou a frase Ribeiro. Depois da revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação.
Em depoimento à PF no final de março, Ribeiro confirmou que recebeu o pastor Gilmar como um pedido do presidente Jair Bolsonaro. Porém, ele negou que tenha acontecido qualquer tipo favorecimento.
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