O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão na tarde desta quarta-feira (23) do governo Bolsonaro. Ele é alvo de investigação conduzida pela Polícia Federal e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por usar as suas atribuições para favorecer a atuação de contrabandistas de madeira da Amazônia.
“Apresentei ao presidente o meu pedido de exoneração, que foi atendido”, disse o ministro do Meio Ambiente, considerado um dos homens fortes do bolsonarismo.
Joaquim Álvaro Pereira Leite, atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais, substituirá Salles, segundo publicado no Diário Oficial da União.
A gestão de Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente foi marcada pelo desmonte dos órgãos de fiscalização e gestão ambiental como o Ibama e ICMBio, repetidos recordes de queimadas e desmatamento das florestas, além da grilagem de terras na região amazônica, o que é incentivado pelo governo Bolsonaro.
Na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, Salles chegou a sugerir que o governo aproveitasse a pandemia da Covid-19 para “ir passando a boiada” na legislação ambiental brasileira.
Contrabando
Em 2021, Ricardo Salles foi apontado pela Polícia Federal como integrante de uma organização criminosa que realiza contrabando de madeira extraída da Amazônia. Segundo a PF, Salles atuou para afrouxar o controle do Ibama sobre a exportação de madeira e para dificultar investigações sobre o tema.
A Operação Akuanduba executou buscas e apreensões nos endereços de Salles e de outros 21 investigados, entre servidores do ministério, dirigentes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e empresários do ramo madeireiro. Segundo as investigações, ele reuniu-se em março do ano passado com um grupo de madeireiros no Pará que vinham tendo cargas de madeira retidas em portos no exterior por falta da autorização do Ibama.
Ao determinar a quebra de sigilo fiscal e bancário de Salles, Alexandre de Moraes apontou uma “movimentação extremamente atípica” de R$ 14 milhões realizada pelo escritório de advocacia do qual Salles é sócio junto à sua mãe. A decisão de Moraes aponta que relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicou “movimentação extremamente atípica” envolvendo Salles. Entre 1º de janeiro e 2012 e 30 de junho de 2020, o escritório do qual o ministro é sócio, com 50% de participação, movimentou pouco mais de R$ 14 milhões, “situação que recomenda, por cautela, a necessidade de maiores aprofundamentos”, disse.
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