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Além disso, segundo o jornalista Lauro Jardim, de O Globo, o atual ocupante do Planalto, repostou a seguinte mensagem em um grupo bolsonarista: “PM seguirá Exército em caso de ruptura institucional”. Ameaça mais explícita à democracia, impossível
Com seu governo enlameado pelas denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC), Bolsonaro ignorou tudo isso e descarrilhou-se em ameaças e tom golpista na cidade de Balneário Camboriú (SC), neste sábado (25).
Para seus apoiadores durante um evento evangélico, disse que “tomará decisões” que, segundo ele, “precisam ser tomadas”. E declarou que tem “um exército que se aproxima de 200 milhões de pessoas”.
Nenhuma pesquisa de opinião mostra esse “exército” de “200 milhões” que ele diz ter. Pelo contrário, segundo pesquisa recente do Datafolha, 55% rejeitam votar no atual ocupante do Planalto e 47% reprovam o seu governo e apenas 26% aprovam. Todas as pesquisas confirmam a rejeição ao seu governo. Só se for invisível esse “exército” de “200 milhões de pessoas”.
Se tivesse esse apoio, não precisaria fazer ameaças golpistas veladas ou explícitas.
O que Bolsonaro fez foi desviar do assunto do momento: a prisão do seu ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, por quem ele disse que colocaria a “cara no fogo” e agora diz que “exagerou” e só põe a “mão no fogo”.
O ex-ministro, em um momento numa reunião de prefeitos, revelou que privilegiava os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura na distribuição de verbas do ministério por um pedido “especial” de Bolsonaro.
Prefeitos confirmaram a denúncia e contaram que os pastores intermediavam verbas para as prefeituras em troca de propina, paga até em barra de ouro ou em vendas de Bíblias.
Loteado para seus aliados, o MEC se tornou um antro de corrupção. Uma licitação de ônibus para a compra de 3.850 ônibus escolares no programa Caminho da Escola teve um sobrepreço de até 55% ou R$ 732 milhões.
O setor técnico do Ministério da Educação indicou que os veículos deveriam custar, no máximo, R$ 270,6 mil. Porém, os indicados de Jair Bolsonaro na direção do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) rejeitaram a orientação e permitiram que o teto dos preços fosse de R$ 480 mil.
A Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) apontaram a discrepância entre o valor autorizado pelo Ministério da Educação e o indicado pelo setor técnico.
Sem falar na compra de “kit robótica” superfaturado para escolas sem infraestrutura básica em Alagoas. Os kits foram superfaturados em 420% pela empresa que os vendeu para o Ministério da Educação.
Nada disso Bolsonaro tocou no seu discurso, como não poderia deixar de ser.
Nem para voltar com a mesma ladainha para enganar seus apoiadores de que seu governo não tem corrupção, coisa já bem desgastada e desmoralizada.
A denúncia da PF de que o “mito” interferiu e alertou Milton Ribeiro que seria alvo de uma operação mostra que a diretriz é abafar os casos de corrupção no seu governo.
E não foi a primeira vez que fez isso, inclusive, tentou aparelhar a PF para seus aliados e familiares não serem pegos com a boca na botija.
O ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu demissão por ter sido pressionado por Jair Bolsonaro para trocar o diretor-geral da PF, que comandava as investigações sobre os crimes de seus filhos.
A pressão foi confirmada pela gravação de uma reunião de Jair Bolsonaro com seus ministros, na qual falou: “Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final!”.
Agora Bolsonaro sai em defesa dos pedidos de propina por parte dos pastores e diz que o roubo no MEC foi uma corrupçãozinha de nada, “sem muita importância”. “Foi só tráfico de influência”, disse, tentando normalizar o crime cometido dentro de seu governo. “Isso é comum”, acrescentou.
Em Camboriú, ele falou que os adversários jogam “fora das quatro linhas da Constituição” e, “cada vez mais”, “parece que será preciso” [tomar medidas, segundo ele].
Medidas sérias contra a fome e a miséria que se alastram no país Bolsonaro não toma.A carestia castiga o povo, pessoas vasculham tonéis e caminhões de lixo em busca de comida, a inflação dispara e Bolsonaro só quer passear em ‘motociatas’ e jet ski.
“Sempre tenho falado das quatro linhas da Constituição. Tenho certeza que, se preciso for, e cada vez mais parece que será preciso, nós tomaremos as decisões que devam ser tomadas [sic]. Porque cada vez mais eu tenho um exército que se aproxima dos 200 milhões de pessoas nos quatro cantos desse Brasil”, declarou.
Quem atua fora das quatro linhas da Constituição é Bolsonaro, que preconiza o golpe, a ditadura, ataca as instituições constitucionais e democráticas, como o STF, e tenta desmoralizar o Congresso.