Joga a culpa na Petrobrás, mas quem indica os diretores da empresa é ele. Quem está provocando o caos não é a empresa, é ele próprio, com sua política econômica desastrosa. Bolsonaro dolariza os preços porque tem medo de mexer. Como diz Lula, “tem o rabo preso com os poderosos”
A diretoria da Petrobrás anunciou nesta sexta-feira (17) mais um aumento, desta vez de 14,26% para o óleo diesel e 5,18% para a gasolina. Mesmo com o ICMS congelado, a Petrobrás já havia aumentado em 47% até maio o preço do diesel. Jair Bolsonaro, responsável pelo atrelamento dos preços dos combustíveis ao dólar e ao barril de petróleo, e, por conseguinte, pela alta dos preços, finge que o problema não é dele.
Mas a culpa pela escalada de preços é do Planalto e de mais ninguém. Não adianta dizer que a Petrobrás vai provocar o caos, que os aumentos visam atingir o governo e outros subterfúgios para justificar a inflação fora de controle.
Quem está provocando o caos é o próprio Bolsonaro e sua política econômica desastrosa. É ele que mantém tudo dolarizado – não só os combustíveis mas também alimentos – e obriga a Petrobrás a cobrar a gasolina dos brasileiros em dólar.
É Bolsonaro que, além de aumentar os preços de combustíveis, da energia elétrica e dos alimentos, faz disparar a inflação. E é ele, também, que aumenta os juros e estrangula ainda mais as atividades produtivas do país.
Indiferente aos problemas do país e da população, ele mantém essa política criminosa só para agradar os importadores de combustíveis e para enriquecer os acionistas estrangeiros da Petrobrás. Esses grupos estão ganhando bilhões, enquanto o povo é esfolado com preços extorsivos. É ele que indica os diretores da empresa, pois o governo é o acionista majoritário da Petrobrás.
Pode tomar decisões e não toma. Não faz o que tem que ser feito porque, como diz o ex-presidente Lula, líder nas pesquisas eleitorais, tem o rabo preso com os magnatas que mandam neste governo.
Bolsonaro faz um jogo de duas caras porque ele acha que pode enganar os eleitores brasileiros. Eleitores estes que estão cada vez mais injuriados com os aumentos de preços e com o seu desgoverno como um todo. Ele libera os aumentos e, ao mesmo tempo, finge que não tem nada com isso, que a culpa é dos outros. Joga nas costas da Petrobrás, mas o responsável é ele. Faz isso também para desgastar a imagem da empresa pública junto à população. Seu plano é privatizá-la.
Foi isso que ele prometeu a Joe Biden em sua visita aos EUA. Acabou de abrir mão da parte do governo na partilha do pré-sal.
A privatização da Petrobrás não é solução para nada. Pelo contrário. É só comparar os preços dos combustíveis cobrados pela refinaria da Bahia, a RLAM, que foi privatizada pelo governo Bolsonaro e foi comprada pelo Fundo Mubadala, um fundo especulativo dos Emirados Árabes Unidos, para ver que a privatização é muito pior.
Os preços dos combustíveis vendidos pela refinaria privatizada são os mais caros do país. E mais: a nova empresa, além de cobrar os preços mais altos do país, não garante o fornecimento de óleo combustível para os navios da região, coisa que a refinaria pública fazia.
Ao invés de enfrentar o problema de frente a abrasileirar os preços dos combustíveis, afinal, os custos de produção da Petrobrás são muito baixos e ela poderia cobrar metade dos preços que é obrigada pelo governo a cobrar pelo diesel e a gasolina e, mesmo assim obteria uma taxa de lucro de mais de 100%.
Esses cálculos que mostram que os preços podiam ser muito menores foram feitos tanto por Fernando Siqueira, diretor da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobrás) como por Paulo César Lima, ex-consultor do Senado. Para Bolsonaro, é mais fácil mentir, fingir que não é com ele, e vender a Petrobrás aos americanos, seu objetivo maior.
“O custo de extração do petróleo está em cinco dólares o barril – custo de extração e extrair todos os demais custos”, explica. “O custo de produção está entre 25 e 30 dólares por barril. Com isso , o custo de produção do diesel para Petrobrás fica na faixa de R$ 1,3 por litro e ela está vendendo por R$ 4,07, ou seja, um lucro de 250%! É um lucro imoral, principalmente sabendo o quanto é estratégico o diesel para a população brasileira”, diz Fernando Siqueira.
“O litro de diesel custa para a Petrobrás entre R$ 0,92 e R$ 0,93, e estava sendo vendido por R$ 2,30. Então, o lucro é superior a 150%. Os importadores e os acionistas não deixam a Petrobrás baixar os preços porque, enquanto a população está sofrendo com os preços altos, eles estão ganhando muito dinheiro”, disse Paulo César Lima.