Morreu na madrugada da última sexta-feira (10) o capitão reformado José Wilson da Silva, conhecido como Tenente Vermelho, que atuou na luta contra a ditadura militar e na resistência ao Golpe de 64.
O capitão, que tinha 89 anos, foi assassinado em sua residência, situada no bairro Partenon, em Porto Alegre. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DPHPP), sob comando da delegada Isadora Galian.
Ele foi um dos homens mais próximos de Leonel Brizola. Eleito vereador pelo PTB em 1963 na Capital, José Wilson da Silva perdeu os direitos políticos com o golpe de 1964 e foi para o exílio no Uruguai. Ele foi um dos fundadores da Associação de Defesa e Pró-Anistia dos Atingidos pelos Atos Institucionais. Em 1987 lançou o livro “O Tenente Vermelho”, além de ter publicado outras obras.
A ocorrência mobilizou a Polícia Militar a entender o que aconteceu. Na casa, o efetivo do 19º BPM constatou que a vítima, que completaria 90 anos na próxima segunda-feira (13), estava em óbito no chão, com marcas aparentes de dois disparos na região do tórax. Um facão estava ao lado do corpo.
Em depoimento, a companheira e ex-cuidadora da vítima informou que escutaram um barulho no pátio e ele foi averiguar com o facão o que se tratava, sendo surpreendido e alvejado na garagem do pátio da casa. Ela não viu quantos indivíduos eram e desconhece a causa para que fosse assassinado. O som de um veículo deixando o local foi ouvido por outras pessoas depois dos tiros.
Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e verificou o óbito, sendo isolado o local para o trabalho do Instituto-Geral de Perícias.
Em nota, o Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) lamentou a morte do Tenente Vermelho, veja na íntegra:
CAPITÃO JOSÉ WILSON DA SILVA: PRESENTE, AGORA E SEMPRE!
Na madrugada do dia de hoje, 10 de dezembro, foi assassinado a tiros, na sua residência, em Porto Alegre, o Capitão reformado do Exército José Wilson da Silva – o “Tenente Vermelho” – que nesta segunda-feira completaria 90 anos de idade.
José Wilson foi vereador de Porto Alegre, de 2 de janeiro a 1º de abril de 1964, quando ocorreu o golpe militar. Depois de fracassarem todas as tentativas de resistência ao golpe, Wilson exilou-se no Uruguai, onde conviveu com o ex-presidente João Goulart, Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Aldo Arantes, Betinho e outras lideranças políticas e sociais, perseguidas pela ditadura, tendo participado ativamente da luta contra o regime dos generais.
Atualmente, José Wilson era o Presidente da AEPPP-RS (Associação dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Rio Grande do Sul) e da AMPLA (Associação de Defesa dos Direitos e Pró-Anistia dos Atingidos por Atos Institucionais), liderança reconhecida nacionalmente, sempre presente nas atividades em defesa da Anistia.
Apesar de sua avançada idade, Wilson era um ativo militante do PCdoB do Rio Grande do Sul, atuante nas redes, assíduo nas atividades partidárias e presente nos mais variados atos em defesa do Brasil, da democracia e dos direitos do povo.
O PCdoB inclina suas bandeiras de luta em homenagem a esse grande patriota, que teve toda a sua vida dedicada à liberdade, ao Brasil e ao seu povo!
O seu exemplo frutificará nas nossas lutas e vitórias contra toda forma de opressão e exploração!
Cobramos das autoridades policiais e judiciárias o mais rápido e cabal esclarecimento das circunstâncias que levaram a esse terrível crime.
Porto Alegre, 10 de dezembro de 2021
Comitê Estadual do Partido Comunista do Brasil