A Justiça italiana confirmou a condenação em segunda instância do jogador Robinho e de seu amigo Ricardo Falco a nove anos de prisão por estupro coletivo de uma jovem albanesa na madrugada de 22 de janeiro de 2013, numa boate de Milão.
“[Foi] Uma investigação bem feita, de modo sério, com uma sentença de primeiro grau correta. Profissionalmente, estou muito satisfeito, principalmente pela vítima”, disse Cuno Tarfusser, procurador do Ministério Público que atuou no caso na segunda instância.
Numa tentativa de desqualificar a acusação e anular a sentença da primeira instância, a defesa de Robinho apresentou um recurso de 65 páginas, 19 anexos e quatro consultorias técnicas, para alegar que não existem provas de que tenha havido o estupro.
Segundo os advogados de Robinho, a vítima não estava em “condição de inferioridade psíquica e física”. Portanto, é impossível provar que entre 30 e 50 minutos, seis pessoas cometeram um ato sexual sem o consentimento da garota.
Robinho ainda apelou para o argumento de que algumas traduções das interceptações telefônicas realizadas pela polícia italiana teriam sido feitas de modo errôneo. Segundo ele, não seria possível provar que o jogador tenha tido relação sexual completa com vítima, mas “somente” oral.
Em mais um ato repugnante, a defesa de Robinho tentou desqualificar a vítima apresentando 42 fotos num “dossiê” sobre a vida pessoal da jovem para tentar provar a sua familiaridade com o álcool.
O procurador Cuno Tarfusser disse que os fatos são indiscutíveis: três garotas foram a um local em Milão, que quando chegaram se agregaram aos brasileiros, que certamente a garota bebeu, que duas delas deixaram o local e a vítima ficou sozinha, que entre 40 e 50 minutos tiveram relação sexual com essa garota e que essa relação aconteceu no camarim do local.
Após duas horas de audiência, a corte de apelação se retirou para analisar o caso e retornou depois com a decisão confirmando a condenação de Robinho e Falco.
No início de outubro, Robinho foi contratado pelo Santos Futebol Clube e a denúncia por estupro gerou grande repercussão nacional. Com diversas críticas e a perda de patrocinadores, o clube paulista decidiu suspender a contratação alegando que o jogador precisaria de tempo para se dedicar a sua defesa no processo, que tramitava em segunda instância.
Em meio à polêmica, Robinho disse estar sendo perseguido pela TV Globo por conta da repercussão da matéria do Globo Esporte em que foram expostos trechos do processo em que foi condenado por estupro, ainda na primeira instância. O jogador disse ainda se sentir como Bolsonaro, ao acusar a emissora de TV.
“Bebeto, tô em paz, irmão. Como falei, Deus está me preparando para algo muito maior. No deserto, é nesses ataques que você se aproxima de Deus e se prepara. A gente tem N exemplos aí. Você viu o que fizeram com o Bolsonaro antes da eleição? O ataque que fizeram ao cara? Falando que o Bolsonaro era isso e aquilo? Que o Bolsonaro era racista, fascista, que era assassino? E quanto mais eles batiam no Bolsonaro, mais ele crescia. Então estou em paz mesmo, de coração. Não estou preocupado com eles”, falou Robinho.
“O bem sempre vence e a verdade vai aparecer. Os caras aí são pessoas usadas pelo demônio, né? A gente sabe como a TV Globo é uma emissora do demônio. É só você ver as novelas, as programações. Então eu estou em paz. Deus vai dar a vitória. Que se cumpra o propósito de Deus na minha vida. Meter gol neles, ‘tamo junto’. Vou meter uma camisa quando fizer gol: ‘Globo lixo, Bolsonaro tem razão’”, completou Robinho.
Em entrevista após ter o contrato com o Santos suspenso, Robinho acusou “o movimento feminista” pela repercussão da condenação por estupro no Brasil.
“Infelizmente, existe esse movimento feminista, que não sei o que, e muitas mulheres às vezes não são nem mulheres, para falar o português claro, e que se levantam contra porque, eu acabei de responder agora, eu não sou bonito, sou casado, com a minha esposa, mas se eu sair na rua e a mulher falar ‘oi lindo, gostoso’, tem uma conotação”, disse em entrevista ao portal UOL.
A defesa de Robinho afirmou que recorrerá à terceira instância contra a condenação por estupro.