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Testemunha afirma que crianças ficavam sem comer e eram trancadas no banheiro da escola
A Justiça de São Paulo decretou a prisão temporária dos donos da escola particular Pequiá, localizada no bairro do Cambuci, na Zona Sul da capital paulista. Na semana passada, pais de alunos e professores denunciaram casos de maus-tratos e humilhações na instituição de ensino.
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP), em nota, confirmou que a polícia fez diligências, na manhã de segunda (26), para localizar e prender os donos do estabelecimento. Os donos estão foragidos.
“A Polícia Civil realiza diligências para localizar e prender os responsáveis por uma escola infantil, investigada por maus-tratos, na Vila Mariana, após o Poder Judiciário atender ao pedido de prisão feito pela autoridade policial do 6º Distrito Policial”, diz a nota.
Os casos vieram a público depois que uma das professoras conseguiu esconder um celular e gravar o momento em que um menino é amarrado pela blusa num poste. A profissional procurou a delegacia de Cambuci para registrar ocorrência.
Aos agentes, ela citou punições, humilhações e agressões impostas às crianças quando elas não se comportavam conforme os donos da escola esperavam. Algumas delas, por exemplo, eram forçadas a ficar o dia inteiro com as roupas sujas de urina. Vídeos dos “castigos” circulam nas redes sociais.
De acordo com a SSP, a polícia registrou três boletins de ocorrência sobre o caso. O 6º Distrito Policial ouviu 14 pessoas, entre pais e professores, e solicitou à Justiça a prisão temporária dos dois donos.
DENÚNCIAS
Uma ex-professora, que não quer ser identificada, da escola em São Paulo, denuncia que crianças ficavam sem comer e eram trancadas no banheiro.
A professora trabalhou na escola infantil durante dois anos. Ela afirmou em declaração ao jornal da Tv Band que saiu do local porque não suportava mais o que presenciava, sem poder fazer nada.
“Eles costumavam bater na cabeça das crianças e apertar as mãos ou os dedos até a criança falar ou fazer o que eles queriam”, declarou a ex-professora da escola infantil.
O casal, dono da escola, não tem formação pedagógica. Eles venderam uma pizzaria em 2012 para comprar o estabelecimento de ensino e usavam o nome de outros profissionais para assinaturas, mas eram eles quem cuidavam das crianças, sem metodologia.
Além disso, a professora contou à Band que o cardápio que a escola apresentava aos pais era rico, com verduras, frutas e alimentos variados. Mas, segundo ela, a realidade não era essa. “Na realidade era sempre a mesma coisa, carne moída e salsicha requentados”, declarou.
No entanto, não eram todas as crianças que podiam se alimentar. “As crianças que tinham inadimplência na matrícula não recebiam refeição, colocavam na mesma mesa, mas não davam a refeição. A gente, às vezes, quando eles não estavam perto, a gente dava”, desabafou.
“Chega nem a ser ruim, são perversos mesmo. Eles gostavam, eles tinham o prazer de judiar das crianças”, completou a professora.