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“Informamos que recebemos com extrema preocupação, informações de que o Deputado Federal Sr. Eduardo Bolsonaro, enviou à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o requerimento nº 8/2021, de 15 de março de 2021, tão logo retornou de uma visita à Israel, solicitando aprovação de moção de repúdio contra o Hezbollah, após várias tentativas pretéritas de enquadramento do mesmo como ‘organização terrorista’ no Brasil”, afirma o vice-presidente da Assembleia Nacional da República do Líbano, deputado Elie El Ferzli, em correspondência enviada aos presidentes da Câmara, Arthur Lira e do Senado, Rodrigo Pacheco, na quarta-feira (15 de abril).
Após esclarecer que “o Hezbollah representa uma grande parcela do povo libanês e é um partido político legítimo libanês, com representantes na Câmara dos Deputados eleitos diretamente pelo povo e por uma maioria reconhecida. Vários Prefeitos e Vereadores libaneses pertencem a essa agremiação e a mesma tem uma extensa e capilar base popular”, a carta denuncia que Eduardo Bolsonaro ofende a soberania nacional libanesa.
O requerimento está ”colidindo com o basilar entendimento e tradição brasileira, de que uma organização, partido, movimento ou agremiação não podem assim ser rotulados em detrimento do deliberado pela ONU, tornando-se, portanto, medida unilateral e que ofende a soberania nacional de outro país”.
O parlamento do Líbano vê com “extrema preocupação e perplexidade, especialmente porque o Brasil e seu povo abrigam a maior diáspora libanesa do mundo, constituindo mais de 12.000.000 (doze milhões) de pessoas, o que equivale a quase 7% da população da República Federativa do Brasil. O Brasil abraçou e acolheu com amor e fraternidade há mais de 150 anos e continua abraçando e acolhendo os avós, pais e gerações subsequentes dessa massa que se tornou parte da população brasileira, sendo leais ao Brasil como seu país original, contribuindo para a sua construção e o seu desenvolvimento em diversos campos, a se dizer, da medicina, engenharia, arquitetura, indústria, comércio, agricultura, cultura, turismo, política, etc., tornando-se, portanto, parte integrante e ativa da sociedade brasileira”, prossegue o documento do parlamento libanês.
“Reconhecendo que o Brasil sempre foi um país irmão e amigo do Líbano, um defensor da paz entre todas as nações e que sempre seguiu no âmbito internacional uma política de neutralidade em relação à crise do Oriente Médio, especialmente no conflito entre o Líbano e Israel, temos como nosso dever legal, como representantes do povo libanês e membros do seu Parlamento, esclarecer a extensão do abuso infligido a comunidade libanesa se essa digna comissão endossar esta proposta e ao Líbano no cenário internacional”, alerta a correspondência do país árabe.
A correspondência finaliza dirigindo-se aos deputados e senadores do Brasil no sentido de que “com base no acima exposto, gentilmente rogamos ao digno Parlamento e Comissão que apreciem o assunto em tela com o cuidado e zelo exigidos, em consonância com os interesses mútuos das nossas nações irmãs, com isso afastando o constrangimento dos cidadãos de origem libanesa, bem como evitando o prejuízo e risco de suas instituições, interesses e força de trabalho, em virtude de um requerimento totalmente desgarrado de veracidade e ancorado em dados falsos e não confirmados”.
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“VERGONHOSO ÓDIO AOS ÁRABES”
Em artigo intitulado “O perigoso e vergonhoso ódio de Eduardo Bolsonaro aos árabes”, a jornalista Lucia Helena Issa, de origem libanesa, condena “o misógino e medíocre deputado que alimenta o ódio religioso no Brasil”.
Ela prossegue denunciando o “requerimento pedindo que o Brasil passe a criminalizar um partido político libanês, rotulando um partido árabe de ” terrorista”, plagiando vários textos escritos por israelenses”.
“Eu reflito sobre a longa noite de trevas em que estamos mergulhados”, diz a jornalista, ao se deparar com um deputado que mostra ignorância total da “longa relação de amizade entre os dois países, ignorando que descendentes de sírio-libaneses no Brasil são mais de 10 milhões de pessoas, ignorando que esses descendentes dedicaram suas vidas ao Brasil, construíram hospitais como o Sírio-Libanês, estudaram muito para realizar o sonho de serem professores, médicos, jornalistas”.
“Enquanto Bolsonaro tenta incitar seus seguidores pseudocristãos, armados e vis, contra milhões de brasileiros de origem árabe, tanto cristãos como eu, quanto nossos irmãos muçulmanos, eu reflito, como cristã, sobre todas as contribuições dos muçulmanos para a Civilização Ocidental”, se coloca Lucia Helena, que acrescenta: “Não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro tenta demonizar árabes e ou muçulmanos em pleno parlamento brasileiro”.
“Eduardo Bolsonaro e seus amigos odiadores, pessoas que sequestraram o cristianismo para justificar o ódio, a violência, o armamento e milhares de mortes”, condena Lucia Helena.
A jornalista reflete sobre “a mediocridade de Eduardo Bolsonaro”, que “por sua ignorância talvez não saiba que a linda Língua Portuguesa tem mais de 1000 palavras árabes usadas também por nós todos os dias”.
FRAUDE
“Estamos diante de uma das maiores fraudes já promovidas por um parlamentar na história do parlamento brasileiro. Trata-se dos argumentos inverídicos elencados no Requerimento de autoria do deputado federal Eduardo Bolsonaro… que busca criminalizar o partido político libanês, vale dizer, ofende a soberania nacional de outro país, inclusive com o qual o Brasil mantém relações diplomáticas, comerciais, culturais e políticas históricas, ao ponto de hospedar a maior comunidade libanesa migrada do mundo, estimada em 12 milhões, três vezes maior que a própria população libanesa”, afirma o grupo “Brasileiro-árabes pela amizade do Brasil com os Países Árabes”, em matéria publicada no portal Oriente Mídia, denominada
“Eduardo Bolsonaro apresenta requerimento 100% plagiado em comissão da Câmara”.
A matéria pode ser acessada no link: http://www.orientemidia.org/eduardo-bolsonaro-apresenta-requerimento-100-plagiado/
Nela são informados todos links usados para escrever o requerimento. Cada parágrafo do “requerimento” é cópia literal de afirmações, sem quaisquer comprovações” de outras páginas. Não há uma pesquisa, uma fonte fidedigna para as afirmações que justificam o requerimento do deputado. A matéria traz 9 trechos do documento apresentado como seu pelo deputado com os respectivos endereços eletrônicos de onde o parlamentar extraiu as afirmações como se fossem fatos.
O requerimento, adianta a matéria, “além de carregar mérito absolutamente ilógico e implausível, ao ponto de ferir os legítimos interesses nacionais do Brasil, não só frente ao Líbano, mas frente ao mundo, é, em sua integralidade, um grosseiro plágio. Não há uma só palavra, ponto ou vírgula que não seja plágio. Única exceção: nome e assinatura do deputado Eduardo Bolsonaro”.
SUBMISSÃO BOLSONARISTA A EUA E ISRAEL
O deputado comete esse absurdo atendendo a sua submissão à política ingerencista israelense contra a direção política do Irã, que tem pontos de unidade com o Hezbollah, que em conjunto com o país participou do apoio ao enfrentamento do governo sírio contra a tentativa de implantar um regime com base em bandos terroristas no país árabe de posições independentes e que faz alianças com a Rússia, China e outras nações coisa indesejada pelos Estados Unidos no Oriente Médio.
Esse comportamento hostil já se verificou com o pai de Eduardo, Jair Bolsonaro, quando em clara disposição de se aliar à destrutiva política de Trump – que levou os Estados Unidos a romper o Acordo Nuclear com o Irã – declarou, quando questionado, em 20 de agosto de 2019, por jornalistas, na porta da residência oficial do Palácio da Alvorada, se pretendia classificar o Hezbollah como terrorista, assim como fez o governo dos Estados Unidos: “Posso sim reconhecer o grupo como terrorista. Pretendo fazer isso aí. E são terroristas”.
De acordo com Bolsonaro, o governo teria “informações” de atuação do grupo na região da tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. “Temos informes que têm pessoas deles por aqui também, tríplice fronteira, grupo do crime organizado no Brasil. Eles são unidos. Podem não ser muito organizados, mas são unidos”, completou.
O Brasil deixou, por decisão de Bolsonaro, o comando da Unifil, após participar da força marítima que garantiu a paz na costa do Líbano por 10 anos. Segue o depoimento do contra-almirante Sergio Renato Berna sobre a despedida do Brasil desta função de paz: