Diversas lideranças políticas também defenderam o caráter amplo do movimento contra Bolsonaro e em defesa da vida e da democracia
As manifestações de sábado (19) contra Bolsonaro tiveram uma grande adesão popular e expressaram bem o sentimento de revolta que tomou conta do país nos últimos meses. Elas foram um grito forte contra as ameaças frequentes à democracia e em repúdio ao comportamento negacionista de Bolsonaro diante da pandemia, uma tragédia que matou 500 mil pessoas e que, não fosse a sabotagem às vacinas, poderia ter tido outro desfecho menos trágico.
Mais de 700 mil pessoas ocuparam as ruas em praticamente todas as capitais do país e em cerca de 400 cidades brasileiras. O que unia a todos era a palavra de ordem “Fora Bolsonaro!” Lideranças políticas tiveram a sabedoria de preservar o caráter democrático das manifestações, não permitindo que elas antecipassem as disputas eleitorais de 2022, o que só interessaria aos planos de Bolsonaro e, certamente, restringiria a sua necessária amplitude.
O ex-presidente Lula, por exemplo, decidiu não comparecer às manifestações. Ele poderia ter ido, mas priorizou a unidade na luta atual contra Bolsonaro. Ele externou essa preocupação na véspera dos atos em suas redes sociais. “Tenho uma preocupação. Não quero transformar um ato político em um ato eleitoral. Não quero os meios de comunicação explorando isso como o Lula se apropriando de uma manifestação convocada pela sociedade brasileira”, disse ele. Lula acabou não comparecendo aos protestos.
Os principais dirigentes de vários partidos se somaram às manifestações, organizadas pelos movimentos populares. Estiveram nos atos, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidente do partido e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. O ex-senador José Aníbal, membro da Executiva Nacional do PSDB, também participou das manifestações, assim como o presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire. Todos afirmaram a necessidade de ampliação cada vez maior dos protestos para barrar as insanidade de Bolsonaro.
Alguns setores defenderam, inclusive, a necessidade deste movimento recuperar os símbolos e as cores nacionais que foram usurpadas pelo fascismo. Foi essa a preocupação expressada por Roberto Freire, pelo deputado Orlando Silva e por alguns artistas, com por exemplo, o ator Paulo Betti, que se enrolou em uma bandeira nacional e lançou um movimento pelo resgate do verde e amarelo. “A gente ficou com vergonha da nossa bandeira e do verde e amarelo como um todo. Precisamos recuperar esse símbolo”, disse ele.
Em nota a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos, vice-governadora de Pernambuco, também externou seu total apoio aos protestos contra Bolsonaro. “Destaco a inovadora forma da relação e articulação do Estado com os movimentos, com a criação da Mesa Permanente de Articulação com a Sociedade Civil. Tivemos um ato tranquilo, organizado, com respeito à livre manifestação, como tem que ser”, disse Luciana.
“Os atos mostram o vigor da oposição, com bandeiras que confrontam o negacionismo bolsonarista na economia e na saúde, exigindo vacinação, emprego e renda”, disse ela. “As forças democráticas têm o grande desafio de conter o bolsonarismo e pavimentar o caminho para que o país tome o rumo do desenvolvimento nacional com progresso social”, afirmou a vice-governadora.