O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao jornal O Globo, nesta sexta-feira (5), ao analisar as movimentações contra a democracia, afirmou que, no dia 12 de dezembro de 2022, data de sua diplomação no Tribunal Superior Eleitoral, quando Bolsonaro ainda estava no cargo, houve um “pacto” entre o ex-mandatário, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e as polícias para permitir que manifestantes golpistas promovessem depredações e ameaçassem invasões de prédios públicos.
Nesse dia, vários veículos foram incendiados, inclusive ônibus, e houve uma tentativa de invasão do prédio da Polícia Federal localizado na região central de Brasília.
O presidente revelou que acompanhou os acontecimentos e que a polícia, na ocasião, acompanhava a movimentação golpista “sem fazer nada”.
“Tinha havido aquela atuação canalha que envolveu, inclusive, gente de Brasília, quando tacaram fogo em ônibus, no dia em que fui diplomado. Eu estava no hotel assistindo a eles queimando ônibus, carros, e a polícia acompanhando sem fazer nada”, disse.
Lula foi objetivo na denúncia dos responsáveis por aqueles acontecimentos que, no fundo, buscavam criar um ambiente de desordem para inviabilizar sua diplomação pela justiça eleitoral.
“Havia, na verdade, um pacto entre o ex-presidente da República, o governador de Brasília e a polícia, tanto a do Exército quanto a do DF. Isso havia. Inclusive, com policiais federais participando. Ou seja, aquilo não poderia acontecer se o Estado não quisesse que acontecesse”, declarou.
O governador Ibaneis Rocha, reeleito em 2022, diante dos episódios fatídicos de 8 de janeiro, chegou a ser afastado do cargo por 90 dias durante a intervenção federal nas forças de segurança pública do Distrito Federal, após a clamorosa inação da cúpula da Polícia Militar, principalmente, para conter os golpistas.
Em resposta ao presidente Lula, Ibaneis limitou-se a dizer que são denúncias “vazias” que preferia ignorar por estar de férias.
Aliás, a atual vacância de Ibaneis do GDF, coincidentemente, transcorre no mesmo período em que acontecerá o ato intitulado “Democracia Inabalável”, no dia 8 de janeiro próximo (segunda-feira), na sede do Congresso Nacional, com a presença dos titulares dos 3 poderes da República, ministros de Estado, comandantes das 3 forças militares, presidentes dos tribunais superiores, governadores de Estado, deputados federais, senadores e prefeitos das capitais.
O governador da Capital do País, onde ocorrerá o evento, estará ausente desse importante acontecimento que marca o resgate da democracia no Brasil.
Até hoje, sete integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal estão presos preventivamente sob denúncias da Procuradoria-Geral da República enquanto seguem as investigações.
Segundo o ministro interino da Justiça, Ricardo Cappelli, não há “limite” no trabalho desenvolvido pela Polícia Federal para investigar os responsáveis diretos e indiretos pela tentativa de golpe no 8 de janeiro de 2023 quando os prédios dos 3 poderes republicanos foram invadidos e depredados.