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Presidenciável quer eleger grande bancada de deputados e senadores para ajudá-lo a governar o Brasil e reorientar a política nacional, desmantelada por Bolsonaro
No périplo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez em Brasília, entre terça e quarta-feira (13), ele se encontrou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), nesta quarta, a pedido da bancada de senadores do PT.
Esteve em pauta a defesa das eleições e da democracia.
Lula expôs sua preocupação com os ataques de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, lembrando que ele coloca em dúvida um sistema pelo qual foi eleito deputado em várias eleições e até presidente da República. Para Lula, isso mostra que Bolsonaro está preocupado com o resultado eleitoral e teme perder a disputa.
O presidente do Senado reafirmou seu compromisso em defender o Estado Democrático de Direito, a democracia e as urnas eletrônicas. Pacheco enfatizou que, caso haja algum risco para as eleições neste ano, fará defesa enfática da democracia e atuará para garantir o respeito à Constituição. Disse que defenderá o respeito às eleições.
O ex-presidente expressou a Pacheco ter absoluta confiança de que o presidente do Senado é a pessoa ideal para conter o golpismo e garantir a normalidade democrática e cumprimento sem ressalvas do resultado eleitoral. Pacheco disse que vai garantir a posse do ganhador das eleições de outubro, segundo disseram parlamentares que estiveram no encontro.
“Nós todos saímos daqui com a garantia de que o presidente do Congresso Nacional, que, como nós temos dito, é a última ratio [último recurso] de defesa da democracia, dará posse aos eleitos no dia 1° de janeiro”, afirmou o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Lula ainda mencionou o assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, por um bolsonarista. Ele voltou a dizer que participou de várias eleições acirradas, desde quando enfrentou Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso – e que, em nenhuma delas, ocorreu um clima de tensão e violência como na atual.
O ex-presidente da República responsabilizou o discurso de Bolsonaro por incentivar seus apoiadores a partir para atos agressivos e ataques contra adversários. Pacheco, mais uma vez sem citar o chefe do Executivo, concordou que é preciso criar um clima de paz e de respeito às opiniões divergentes durante a eleição deste ano. Que os candidatos devem pregar a paz, a tolerância e o respeito às opiniões divergentes.
De acordo com o ex-ministro Aloizio Mercadante, que participou do almoço, Lula afirmou que Bolsonaro e os filhos dele foram eleitos pelas urnas eletrônicas e é importante que o Senado se posicione diante dos ataques ao sistema eleitoral e dialogue com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para fortalecer a corte.
“Nós não podemos aceitar. Esse foi o diálogo, foi muito importante. O Senado é uma instituição democrática, o presidente Rodrigo Pacheco disse que está totalmente comprometido, que é um valor inegociável da democracia o resultado dos votos”, disse Mercadante.
Participaram do evento, além de Lula e Pacheco, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o líder da minoria no Senado, senador Jean Paul Prates (PT-RN), o líder do PT no Senado, senador Paulo Rocha (PT-PA), o líder da oposição no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) e o ex-senador e ex-ministro Aloizio Mercadante, coordenador do programa de governo do Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil.
Num momento de descontração, durante o almoço, Pacheco arrancou risos e satisfação ao declarar que a mãe Marta Maria Soares, já falecida, foi eleitora de Lula.
Os senadores Paulo Paim (PT-RS), Alexandre Silveira (PSD-MG), Fabiano Contarato (PT-ES), Jaques Wagner (PT-BA), Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE), Dário Berger (MDB-SC), Nilda Gondim (MDB-PB), Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e Zenaide Maia (PROS-RN), também participaram do encontro.
O almoço aconteceu na Residência Oficial do Senado, em Brasília (DF).
“APOIO INSTITUCIONAL À DEMOCRACIA”
A bancada de senadores do PT organizou o encontro com o intuito de discutir o “apoio institucional à democracia” com o presidente do Congresso.
Desde que Bolsonaro tomou posse em janeiro de 2019, o Estado Democrático de Direito tem sido ameaçado por falas imprudentes, gestos tresloucados e ações políticas que colocam em xeque, permanentemente, a democracia e as instituições que a sustentam e protegem.
Ao citar os ataques feitos contra os nomes do PT pelos bolsonaristas, Lula lembrou que toda vez que a política é atacada, o resultado nas urnas é o pior possível.
No encontro com Pacheco, Lula disse que “não se governa esse país sem responsabilidade com a [chamada] ‘classe’ política”. “Vamos fazer uma lista de deputados e senadores que a gente gostaria de eleger. Então, se o eleitor quiser consertar o país, terá de votar nessa gente”, pontificou Lula.
BANCADA
O presidenciável da Federação Brasil da Esperança quer eleger grande bancada de deputados e senadores para ajudá-lo a governar o Brasil e reorientar a política nacional, desmantelada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e principal contendor de Lula no pleito de outubro.
Nesse primeiro encontro pessoal com o presidente do Senado, eleito também com o apoio de senadores da base do governo Bolsonaro, Lula, sem citar nomes, afirmou que o brasileiro, nas próximas eleições, precisa resgatar a dignidade da política.
Parece opinião corrente comum que a ação política de Bolsonaro, no exercício do cargo, acanalhou a política nacional e conspurcou a principal magistratura do poder político nacional — a Presidência da República.
AGENDA EM BRASÍLIA
O trajeto do ex-presidente, em pré-campanha, foi intenso entre terça e esta quarta-feira. Na manhã de terça-feira (12), Lula se encontrou com empresários ligados à CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), por articulação do pré-candidato a vice na chapa de Lula, Geraldo Alckmin (PSB).
Na conversa com os empresários, Lula disse que, caso seja eleito, tratará o setor “com carinho” e defendeu que, para melhorar a economia, é necessário que o país “volte à normalidade”.
Ele afirmou ainda que a retomada de diálogo com os empresários foi articulada pelo pré-candidato a vice, Geraldo Alckmin.
“Eu devo essa vinda aqui ao Alckmin. Eu ainda não fui fazer debate nem com empresário, nem com ninguém porque ainda não sou candidato a presidente oficialmente, só posso fazer o debate quando for candidato”, disse.
MASSA DE APOIADORES E ELEITORES
Na noite de terça-feira, Lula participou do primeiro ato político de pré-campanha, em Brasília, quando uma massa de apoiadores, eleitores, militantes e dirigentes políticos de várias legendas partidárias fizeram, também, o lançamento da chapa ao GDF (Governo do Distrito Federal).
A chapa da Federação é composta pelo pré-candidato ao governo, deputado distrital Leandro Grass (PV), a vice, professora Olgamir Amância (PCdoB), e a pré-candidata ao Senado, professora Rosilene Corrêa (PT).
O ato foi realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães.
M. V.