“Em dezembro, o Guedes vai tomar” o Auxílio Emergencial, lembrou o ex-presidente em ato no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, neste sábado (20), durante o lançamento da campanha dele com Haddad no estado. “A PEC diz que o dinheiro é só até dezembro”, disse. “Não tem nenhuma explicação 33 milhões de brasileiros estarem passando fome todos os dias. É falta de vergonha na cara de quem governa”
O ex-presidente Lula (PT) afirmou, no Vale do Anhangabaú (SP), neste sábado (20), que “não tem nenhuma explicação 33 milhões de brasileiros estarem passando fome todos os dias”, enquanto o Brasil “é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo”. Para ele, falta “vergonha na cara de quem governa”.
“Não tem nenhuma explicação as pessoas não terem o que comer, uma mulher estar no açougue pegando osso de boi ou carcaça de frango”, disse o candidato à Presidência, que já definiu o combate à fome como sua prioridade.
“Faltam duas coisas para a vida do povo melhorar: emprego e vergonha na cara de quem governa. Governar é cuidar das pessoas, não é fazer propaganda de arma ou de violência, não é fazer fake news contando sete mentiras por dia”, continuou.
Lula discursou em um comício realizado no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. No local, aconteceu um dos maiores comícios da campanha pelas eleições diretas em 1984, reunindo lideranças de vários partidos numa frente ampla. No evento, os participantes lembraram a luta pela redemocratização e pelo fim da ditadura.
No palanque estavam seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), o candidato a governador, Fernando Haddad (PT), ao Senado, Márcio França (PSB), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o deputado André Janones (Avante-MG), a vice-governadora de Pernambuco e presidente do PCdoB, Luciana Santos (PCdoB), o presidente do PSOL, Juliano Medeiros, e outras lideranças.
O ex-presidente comentou que Bolsonaro “está tentando comprar voto. Vocês estão vendo a quantidade de dinheiro que ele está liberando. Aumentou o salário emergencial para R$ 600, tá dando dinheiro pra taxista, para motorista, até a gasolina começou a baixar. Tudo com medo de perder as eleições”.
Aos presentes, aconselhou que peguem “o dinheiro e compre comida, porque em dezembro o Guedes vai tomar. A PEC diz que o dinheiro é só até dezembro”. Lula se comprometeu em continuar o pagamento do auxílio emergencial, “enquanto houver fome no Brasil”.
“O povo brasileiro está se saco cheio de tanta mentira, de tanta injustiça e de tanto sofrimento. É o povo que vai tirá-lo de lá”, afirmou.
O ex-presidente Lula lembrou a luta de Tiradentes e seus ideais e o chamou de “herói”. “Eles esquartejaram Tiradentes, penduraram no poste a carne dele. Mas as ideias libertárias de Tiradentes estão até hoje no nosso meio, porque nós queremos soberania, democracia, emprego, escola, cultura, queremos ter o prazer de viver dignamente nesse país”.
O presidenciável também defendeu o reajuste na tabela do Imposto de Renda, afirmando que “não é justo que o povo trabalhador pague mais imposto direto do que o dono do Itaú, o dono do Bradesco e o ‘velho da Havan’. Essa gente não paga [imposto] sobre lucro, sobre dividendos”.
Durante o comício, Lula falou sobre o uso da fé e da mentira para ganhar votos, como o pastor Marco Feliciano tem feito em favor de Bolsonaro. Feliciano tem dito aos fiéis que Lula vai fechar as igrejas evangélicas caso seja eleito.
“Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”.
“Eu defendo o Estado laico, o Estado tem que defender todas as religiões”, apontou.
“As igrejas não têm que ter partido político, porque elas têm que cuidar da fé e não da candidatura de falsos profetas e fariseus que estão enganando o povo o dia inteiro”, completou.
“Fiquem espertos no zap de vocês, não deixem passar mentira e não passem mentira para frente. É preciso deletar as mentiras”, alertou o ex-presidente.
“Se o pastor estiver falando coisa séria, a gente respeita. Se tiver mentindo, temos que dizer que ele está mentindo. Em nome de Deus não se pode contar mentiras”, afirmou Lula.
ALCKMIN: BOLSONARO NÃO CONFIA NO VOTO DO POVO
O ex-governador de São Paulo e candidato a vice-presidente, Geraldo Alckmin, discursou sobre os ataques de Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e à democracia, dizendo que ele assim procede por medo de perder as eleições.
“Não é que Bolsonaro não confia na urna eletrônica – ele foi eleito cinco vezes por ela. Ele não confia é no voto do povo e está agarrado ao poder”.
“O Brasil não aguenta mais esse sofrimento. Na saúde, o negacionismo: quase 700 mil mortes e o presidente debochando dos que adoecem. Retrocesso na educação; desemprego; fome. Por isso estamos aqui, para mudar o Brasil”.
HADDAD: O QUE ESTÁ EM JOGO NÃO É UMA ELEIÇÃO, MAS O FUTURO DO PAÍS
O candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, declarou que o “que está em jogo não é uma eleição, é o que vai ser do futuro desse país pelos próximos 20 anos”.
“Se nós vamos eleger alguém que tem apreço pelo pior do nosso passado, patriarcal, racista e desigual, ou alguém que quer construir com vocês um futuro de mais fraternidade, de mais igualdade, de mais tolerância, de mais oportunidade”.
FRANÇA LEMBROU O “TCHUCHUCA DO CENTRÃO”
O ex-governador Márcio França (PSB), candidato ao Senado por São Paulo na chapa de Haddad, assinalou que o “Brasil vai recusar um governo que não acertou, que fez tudo que podia para errar”. E se referiu a Bolsonaro “como tchuchuca do Centrão”, lembrando a fala do youtuber que foi agredido pelo presidente da República, destemperado, nesta semana.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), um dos coordenadores da campanha de Lula, lembrou a luta pela redemocratização do país e a unidade dos democratas contra a ditadura.
“Agora estamos juntos de novo na mais importante encruzilhada histórica de todos os tempos. O desafio que está colocado para nós é o de confrontar o pior do pior que já foi formado na sociedade brasileira”, afirmou. “Está em jogo não uma eleição, mas o futuro de uma geração, o mais importante confronto de nossas vidas, pois valerá as vidas que virão”, advertiu o senador. “Aqueles que utilizam o nome de Deus em vão não são dignos do exercício do poder político”, arrematou Randolfe.
O deputado federal André Janones (Avante-MG), que retirou sua candidatura a presidente da República para apoiar o ex-presidente, disse que a “união de Lula e Alckmin tem um sentido simbólico” que é a união dos que defendem a democracia.
“Tem muita gente buscando do passado para dizer ‘olha o que o Lula dizia do Alckmin, olha o que o Alckmin dizia do Lula’. É justamente por isso que eles se juntaram: para poder continuar discordando um do outro sem que isso signifique risco para a vida de ninguém”.
Janones declarou apoio a Márcio França e Haddad em São Paulo. “Eu estou com Haddad pelas milhões de pessoas carentes que ele possibilitou cursar uma universidade”.