Na abertura do evento, a reitora da PUC-SP, Maria Amália Anderi, disse que o outro lado, em referência a Jair Bolsonaro (PL), não “pode entrar numa universidade” e declarou apoio às campanhas de Lula e Haddad
Ato da arrancada. Foi isso que expressou o amplo ato político realizado, nesta segunda-feira (24), no Tuca (Teatro da Universidade Católica de São Paulo).
O “Ato em defesa da democracia e do Brasil” foi organizado pelo Grupo Prerrogativas e pelo Movimento PUC-SP pela Democracia. O evento lotou completamente o teatro e milhares acompanharam o ato em telões no pátio.
“Precisamos fazer um governo além do PT”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concorre ao Planalto sob ampla frente democrática representada por 11 partidos políticos, da esquerda até a centro-direita.
“Não será um governo do PT. Será um governo do povo brasileiro, [para] além do PT”, destacou o ex-presidente Lula no concorrido ato no Tuca. “Esta semana vai ser decisiva de nossa história”, convocou Lula, que também pediu votos para o candidato ao governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad, que é apoiado, do mesmo modo, por ampla frente democrática.
“Jamais imaginei ter o retrocesso que estamos vivendo” no país, criticou o candidato ao Planalto.
DÍVIDA SOCIAL
“Esse país tem uma dívida com o povo pobre, com o povo negro, com as mulheres”, pontificou o ex-presidente. E aproveitou para criticar o chefe do Executivo, que “não conversa com ninguém que representa as aspirações do povo brasileiro”. Segundo Lula, Bolsonaro não gosta de pobre, preto, mulher, indígenas. “Ele só gosta dele e da sua família”, criticou Lula.
Em sua fala entusiasmada, o candidato a vice na chapa de Lula, ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou:
“Hoje, ao descer no elevador do meu prédio virei dois votos”.
O ex-governador lembrou a luta pela democracia na década de 70 e que passado quase meio século “estamos aqui de novo para defender a democracia”. “Todo mundo unido para o Brasil superar essa fase triste”, disse. “O presidente Lula representa essa esperança e essa felicidade. Por isso que o Bozo tem tanto medo, porque onde tem esperança e felicidade, não tem ódio”. “E nós não queremos bolsonarista em São Paulo. É Haddad, governador e Lula presidente”, finalizou seu discurso.
MUITAS FALAS E SIGNIFICADOS
A senadora Simone Tebet (MDB) destacou em suafala a necessidade de pacificar o Brasil. “Quem votou em Ciro, vota 13; quem votou em branco, vota 13; quem votou em Simone Tebet, vota 13”, discursou a ex-candidata, que ficou em terceiro lugar na corrida eleitoral.
Tebet estava fazendo campanha em Niterói (RJ) e mesmo assim fez questão de participar do ato. Ela chegou atrasada e falou antes de Lula, que encerrou a atividade no teatro e depois foi participar de novo ato na parte de fora, que estava lotada.
“Há algo maior que nos une – a democracia”, enfatizou a senadora, que desde o fim do primeiro turno, se colocou à disposição da campanha de Lula, porque, segundo ela, “Lula é o único capaz de reconstruir o Brasil”, destacou.
“Não há dois candidatos. Há apenas um candidato democrata”, pontificou Simone Tebet.
A candidatura de Lula é um “grito contra todo esse retrocesso civilizatório”, enfatizou a senadora.
LULA E BOLSONARO
“Não pode existir um país entre Lula e Bolsonaro”, ponderou o candidato ao governo do Estado de São Paulo, Fernando Hadadd. “Bolsonaro é a expressão de tudo de ruim que este país viveu”, apontou.
Trata-se de “figura grotesca”, rechaçou o candidato.
DEMOCRACIA EM RISCO
A deputada federal eleita pela Rede de São Paulo, Marina Silva, disse que “a democracia está em risco”. Mas a “urna eletrônica vai dar um banho de sova no Bolsonaro”, convocou a líder da Rede Sustentabilidade.
“É preciso fazer um movimento de reconciliação com a democracia”, disse.
A ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, afirmou que “sua vitória será dada pelas mulheres”.
ATO AMPLO E REPRESENTATIVO
O ato, no palco do Tuca, “de longa história”, disse a reitora da universidade, professora Maria Amalia, em que Lula foi recepcionado, “dá sorte”, brincou.
Na abertura do evento, ela disse que o outro lado, em referência a Jair Bolsonaro (PL), não “pode entrar numa universidade” e declarou apoio às campanhas de Lula e Haddad.
“A PUC é ‘macaco velho’ nessa coisa de receber os candidatos que são verdadeiros democratas brasileiros e que têm projeto para esse país para que esse país seja mais solidário, mais justo, democrático, diverso, soberano e autônomo. Essa é mais uma ocasião. […] Fernando Haddad e Lula, nosso coração é de vocês”, afirmou.
“Está em jogo nessa eleição o futuro do Brasil”, chamou a atenção Pérsio Arida, economista e um dos idealizadores do Plano Real, que está com Lula nesta batalha eleitoral.
“Votar 13, eleger Lula, presidente, e Haddad, governador, e restabelecer o processo civilizatório”, disse o economista.
A presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz, afirmou que “nós não podemos admitir um país que não investe em educação” e disse ter certeza de que com Lula essa situação mudará.
EX-OPOSITORES
Também discursaram no ato da PUC políticos e intelectuais que, ao longo das últimas décadas, foram oposição aos governos Lula ou participaram de governos de centro-direita – aos quais Lula sempre fez oposição.
Ex-ministro dos governos Fernando Henrique Cardoso, membro histórico do PSDB e doutor honoris causa da PUC, José Gregori defendeu a candidatura de Lula.
“Eu sempre coloquei Lula no meu pensamento, não sei se a recíproca é verdadeira [risos]. Lula, isso é só entre nós, mas eles não sabiam o que nós sabemos: que as paralelas, de vez em quando, se cruzam. E quando se cruzam, sai da frente porque somos invencíveis”, disse o jurista de 92 anos.
Gregori fez referência, no discurso dele, a Dom Paulo Evaristo Arns, falecido em 2016, a quem chamou de “amigo em comum” entre ele e Lula.
EX-MINISTRO
Presidente do Banco Central durante os dois governos Lula, o economista Henrique Meirelles (União) reafirmou o apoio já declarado à candidatura do petista. Em 2018, Meirelles foi candidato à Presidência pelo MDB e disputou a vaga contra Fernando Haddad (PT).
“As pessoas falam ‘o Lula quer um cheque em branco’. Não, quem quer um cheque em branco é o Bolsonaro que estourou a parte fiscal, levou a inflação à Lua, o Banco Central subiu a taxa de juros, tem 30 milhões de desempregados. Isso aí, sim, é querer um cheque em branco. O cheque do Lula está assinado”, disse Meirelles.
Após o ato dentro do Teatro, Lula foi saudar as pessoas que se aglomeravam no pátio e assistiram nos telões instalados do lado de fora.
M. V.