O ex-presidente Lula (PT) disse que com certeza “alguém melhor do que Jair Bolsonaro vai ganhar as eleições” e que a prioridade do governo deve ser gerar empregos e aumentar os salários dos trabalhadores para recuperar o país.
O discurso foi feito na manifestação do 1º de Maio, Dia do Trabalhador, realizado pelas centrais sindicais na Praça Charles Miller, em São Paulo.
Lula afirmou que “temos que fazer uma luta incomensurável para que possamos reduzir a inflação” e transformar as perdas por conta dela “em aumento de salário para que o povo possa comer e viver melhor”.
“Quando a inflação cresce, o salário diminui. Significa que o carrinho de compras que vocês vão fazer tem menos coisas. Significa que na mesa, na hora do almoço e na hora da janta, tem menos coisas para vocês e para a família de vocês comerem”, discursou.
O resultado disso é que o Brasil tem, hoje, “19 milhões de pessoas passando fome e 116 milhões de pessoas com algum grau de insegurança alimentar”, continuou o ex-presidente.
Segundo o Lula, “estamos precisando financiar mais casa para gerar mais emprego, a gente tem que recuperar a Petrobrás, não podemos deixar privatizar a Eletrobrás, porque se ela for privatizada nunca mais vamos ter um programa como o Luz para Todos levando energia para o povo pobre”.
O ex-presidente contou que alguns setores tentaram impedir que seu governo fizesse aumentos reais no salário mínimo, alegando que isso traria inflação e outros problemas econômicos, o que não se realizou.
“O salário mínimo tinha aumento real todo ano, além de recuperar a inflação, dávamos o crescimento do PIB do ano anterior. Isso fez com que o salário mínimo subisse 77% durante o meu governo”, prosseguiu.
Para ele, foi “uma demonstração de que se pode, sim, aumentar o salário mínimo. Acontece que foram poucos os governos que, depois de Getúlio Vargas, tiveram coragem de discutir o aumento do poder aquisitivo do povo brasileiro”.
Lula disse que, caso seja eleito, vai conversar com os sindicatos para “restabelecer as condições de trabalho e o respeito aos direitos dos trabalhadores”.
Falou ainda que pretende “discutir com seriedade a questão da aposentadoria e dos benefícios dos trabalhadores, discutir com muito carinho a política de saúde e render todas as homenagens ao SUS, porque se não fosse o SUS teria morrido mais de um milhão de pessoas neste país” pelo coronavírus.
O ex-presidente Lula chamou Jair Bolsonaro de “fascista” e “genocida” pela negligência no combate à pandemia. O próximo presidente vai “pegar um país destruído”, pontuou.
Um plano de reconstrução nacional, disse, deve passar pelo diálogo com os trabalhadores e com os estudantes. “Vamos voltar a ser um país civilizado, as instituições vão se respeitar, a sociedade não vai ficar brigando dentro de casa”.
DESCULPAS AOS POLICIAIS
No começo de seu discurso, Lula pediu desculpas aos policiais brasileiros pela fala, feita na sexta-feira (30), de que “Bolsonaro só gosta de policial, não gosta de gente”.
Lula disse que sua intenção era, na verdade, falar que “Bolsonaro só gosta de miliciano, não gosta de gente”.
“Quero aproveitar e pedir desculpas para os policiais deste país porque muitas vezes [eles] cometem erros, mas muitas vezes salvam muita gente do povo trabalhador. Nós temos que tratá-los como trabalhadores do nosso país”,