A campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou um roteiro de reuniões do candidato, líder nas pesquisas de intenção de voto para presidente, com embaixadores estrangeiros.
Além de fazer contraponto ao encontro de Jair Bolsonaro com embaixadores de 40 países, quando ele voltou a atacar sem provas a segurança do sistema eleitoral, Lula pretende fortalecer sua imagem entre representantes de outros países e debater a reinserção do Brasil no cenário internacional.
O primeiro encontro ocorreu no final de julho, com embaixadores dos países que formam o grupo Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Dias depois foi a vez dos embaixadores da Alemanha, França, Suíça, Holanda e Polônia.
De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, as agendas têm sido construídas por assessores de Lula para que o petista possa transmitir a países considerados chaves algumas das diretrizes de um eventual novo governo na área internacional.
Conforme relatado ao jornal, a reunião com os embaixadores Alexey Labetski (Rússia), Suresh Reddy (Índia) e Vusi Mavimbela (África do Sul) foi dominada pela Guerra da Ucrânia. Não houve representante chinês no encontro, pois, atualmente, a missão diplomática do país em Brasília está sem embaixador.
Após uma introdução em que Lula argumentou que Bolsonaro isolou o Brasil no cenário internacional, o petista direcionou a conversa para o conflito armado no Leste Europeu.
Lula indagou a Labetski quais eram, na perspectiva russa, as razões da guerra e quais países poderiam influenciar as negociações de um possível cessar-fogo.
O petista ouviu do embaixador que o Ocidente, ao patrocinar a expansão da Otan (aliança militar ocidental), ignorou por anos preocupações de segurança da Rússia.
Aos outros embaixadores, Lula questionou por que o Brics não estava engajado em tentar buscar alternativas para a paz ou ao menos para amenizar os efeitos da guerra, já que por ter um de seus membros envolvidos no conflito o bloco não tem como ficar alheio ao tema.
Um dos presentes na reunião contou que Lula pareceu querer passar a mensagem que, no governo, pretende trabalhar para que o Brics seja um fórum para debater formas de superação de conflitos. Ele também sinalizou que pretende se apresentar à comunidade internacional como um líder que está empenhado em trabalhar pela paz.
Outra mensagem transmitida pelo candidato é que ele pretende dar grande importância à participação do Brasil em fóruns multilaterais. O argumento é que Bolsonaro isolou o país internacionalmente e que o Brasil precisa se reposicionar nesse tabuleiro.
A reunião com os cinco países europeus tratou ainda de assuntos como o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul e o processo de adesão do Brasil à OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Lula ressaltou que as prioridades de um eventual novo governo serão o combate à fome e à pobreza e a geração de empregos, além da preservação do meio ambiente.
A expectativa é que novas reuniões ocorram sempre em bloco, possivelmente com embaixadores latino-americanos e africanos.