Corte canadense deixa para outubro decisão da extradição pedida pelos EUA. Cativeiro chegando a 1000 dias.
Já passam de 10 milhões – em 48 horas – as assinaturas da petição online pela libertação de Meng Wanzhou, a diretora da Huawei e filha do fundador da gigante chinesa dos equipamentos de telecomunicações, que se encontra detida no Canadá sob ameaça de extradição para os EUA, anunciou o jornal Global Times.
A prisão de Meng – arrancada de seu voo quando fez escala em Vancouver – é um dos mais cínicos e brutais lances da guerra do establishment norte-americano contra a indústria de alta tecnologia da China. Essa política truculenta, iniciada pelo governo de Trump, em nada mudou sob Biden.
Meng, que é diretora financeira da Huawei, teve sua extradição pedida por Washington, sob a alegação de violação de sanções dos EUA contra outros países com os quais a empresa manteve transações inteiramente legais de acordo com a lei internacional.
A petição exorta o governo Trudeau a parar de desempenhar o papel de cúmplice voluntário de Washington e a encerrar a perseguição a Meng, que está sob prisão há 32 meses. Ela foi presa no dia 1º de dezembro de 2018.
Na quarta-feira passada, a equipe de defesa concluiu a maratona de audiências de extradição, e a juíza do caso marcou para outubro uma audiência que definirá uma data para a decisão. No próximo dia 26, se completarão 1000 dias de detenção arbitrária.
O Global Times também dirigiu uma carta aberta ao embaixador do Canadá na China,
Dominic Barton, exigindo a libertação imediata e incondicional de Meng e denunciando a cumplicidade de Ottawa na perseguição a uma cidadã chinesa.
“Há evidências suficientes para mostrar que os EUA distorceram os fatos para apresentar um caso falso contra Meng. Eles até apresentaram evidências falsas no tribunal”, enfatiza a carta aberta.
O governo dos EUA acusou a diretora da Huawei de “fraudar o HSBC”, já que teria “mentido para o banco sobre os negócios da empresa chinesa no Irã”, o que supostamente estaria comprovado em uma apresentação de PowerPoint que Meng deu ao banco em uma churrascaria em Hong Kong em 2013. A defesa demonstrou a má fé do lado norte-americano, que deliberadamente omitiu dois slides da apresentação em PowerPoint que mostravam que não houve nada disso.
Os advogados de Meng também denunciaram os abusos do devido processo: motivação política, detenção ilegal, omissões materiais e distorções e violações do direito internacional consuetudinário.
“Durante os últimos procedimentos, os juízes canadenses levantaram repetidamente questões e pontos de suspeita de acusações de fraude feitas pelos EUA contra Meng, dizendo que as acusações eram contraditórias e pouco claras, enquanto expunham ainda mais as inconsistências do lado canadense que não conseguiu se justificar, destacou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying.
Ela assinalou que o caso de Meng sempre foi uma perseguição política de parte dos Estados Unidos, e a detenção irracional do Canadá como cúmplice é “um exemplo clássico de coerção e violação dos direitos humanos”.
Essa atuação lesiva também enlameia a imagem de país neutro, que o Canadá gosta de mostrar. A porta-voz instou o Canadá a ouvir as vozes da China e permitir que Meng volte para sua pátria.
Outros aspectos do ataque concatenado pelo governo dos EUA contra a Huawei por ter alcançado a liderança no 5G, em termos de patentes, preço e qualidade, incluem a proibição de importação de chips norte-americanos ou que hajam sido fabricados com equipamento ou projeto provenientes dos EUA, e pressões contra outros países para excluírem a gigante chinesa da implantação de suas redes de alta velocidade 5G.