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Os trabalhadores do saneamento, entidades dos movimentos sociais, partidos políticos e parlamentares realizaram um ato público em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), nesta quinta-feira (16), em protesto contra a privatização da Sabesp, durante audiência pública realizada na Casa.
A audiência aconteceu no plenário Juscelino Kubitschek, com o plenário lotado de manifestantes com faixas e palavras de ordem contra o projeto de Tarcísio de Freitas. “É importante que a gente deixe claro para os parlamentares que o povo é contra a privatização da Sabesp”, disse Rene Vicente, trabalhador da Sabesp e presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras de São Paulo (CTB-SP).
“Vamos entrar [para a audiência pública] e deixar claro para os deputados o risco que representa a entrega do saneamento para o setor privado. Onde privatizou no Brasil deu errado. Um exemplo é o da privatização no Tocantins, pela Saneatins nos anos de 1990. Em 2013, adivinhem, a empresa, pertencente à BRK Ambiental, devolveu ao Estado 78 municípios não rentáveis, aqueles que não davam lucro e o governo de Tocantins teve de criar às pressas a Agência Tocantinense de Saneamento. Eles ficaram apenas com os municípios que davam lucro. Por isso, não deixem que a Sabesp seja entregue ao capital privado. Ela é uma empresa lucrativa que presta um serviço de excelência à população do estado”, disse Renê.
“O interesse principal é entregar a Sabesp nas mãos do rentismo e do grande capital. Não tenho dúvidas que a principal vítima será a classe trabalhadora, especialmente aqueles que mais necessitam. Num estado com mais de 45 milhões de habitantes, 20% estão abaixo da linha da pobreza. É muita gente desprovida dessa assistência material, porque lamentavelmente no Brasil, 33 milhões de famílias não têm acesso à água potável; 100 milhões não têm acesso ao saneamento. Dos mais de 5 mil municípios, apenas três conseguiram universalizar em 100% o saneamento e esses com saneamento público. Está claro que a cartilha do Tarcísio é liquidar com serviços públicos em São Paulo”, disse o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Adilson Araújo.
Adilson destacou que com o mesmo discurso de que a empresa privada faria mais investimentos, privatizaram a Vale do Rio Doce e o resultado foi dois crimes ambientais, em Mariana e Brumadinho. “Agora querem matar o povo de fome, não só de fome, mas de sede. Está claro que o interesse é encher as bancas de Wall Street”, completou.
Os representantes dos movimentos populares lembraram da importância da Sabesp no fornecimento de água para as regiões mais pobres e destacou que a privatização vai prejudicar aqueles que já estão em maior estado de vulnerabilidade social.
Keila Pereira, vice-presidente do Instituto Cambuci de Parelheiros e representante da Juventude Pátria Livre (JPL) lembrou que a privatização também põe em risco as nascentes e áreas de mananciais no estado, pois a Sabesp é quem hoje monitora e protege essas áreas.
Os manifestantes destacaram a importância da mobilização marcada para o próximo dia 28, que deve paralisar trabalhadores da Sabesp, Metrô e CPTM, além dos trabalhadores da educação, como ferramenta de pressão para impedir o sucateamento e entrega dos serviços públicos essenciais ao capital privado.