O ex-presidente Lula afirmou que o dirigente petista assassinado em Foz do Iguaçu (PR), Marcelo Arruda, tornou-se “vítima de uma violência que foi contra a democracia”
“Marcelo Arruda era um trabalhador, pai, servidor público no Paraná. Planejou sua festa de aniversário em paz, com sua família. Marcelo é vítima de uma violência que foi contra a democracia”, afirmou o ex-presidente nas redes sociais.
Lula já havia declarado que o crime foi causado por “um discurso de ódio estimulado por um presidente [da República] irresponsável”.
O comentário do ex-presidente aconteceu ao repercutir uma matéria da revista Piauí, que traz entrevistas com a viúva de Marcelo, a policial civil Pâmela Silva, e com outras testemunhas do crime bárbaro.
Na entrevista ela fala do caráter do seu marido, policial da Guarda Civil, e relata como ocorreu o crime.
“Ele era contra o ódio e a intolerância. E ele queria que isso circulasse. Fazia questão de se manifestar. Por isso, teve a ideia de fazer a festa temática”, disse Pámela à revista. “O Marcelo [Arruda] era um sonhador, um lutador, um idealista, que queria mudar o mundo a sua volta”, definiu.
“O Marcelo [Arruda] foi um herói. Ele evitou uma tragédia maior, uma chacina. Foi terrível, todo mundo pulando no chão, tentando se esconder. O Marcelo era um dos caras mais sossegados que conheci. Nunca o vi ter uma briga, nunca vi dar uma carteirada”, disse do amigo André Alliana, também para a Piauí.
“O assassino ficou colérico quando viu a toalha do Lula. As pessoas estão doentes. Se acham no direito de jogar merda, de jogar bomba e, agora, de matar as pessoas que pensam diferente”, acrescentou.
Na festa de Marcelo estavam presentes, inclusive, apoiadores de Bolsonaro.
Na manhã desta sexta-feira (15), a delegada Camila Cecconello, responsável pelo inquérito que apura o caso, disse que o crime não foi político, apesar de todas as evidências.
A conclusão da delegada está na contramão da posição do delegado Carlos Eduardo Pezzette Loro, que estava de plantão e atendeu a ocorrência. Na ocasião, ele expressou que o atirador seria indiciado por homicídio qualificado.
“Não tenho dúvidas de que se trata de um crime com motivação política, cometido em meio a esse ambiente de polarização política e com discurso de ódio. O indiciado é um bolsonarista bastante ativo nas redes. Temos um presidente que inflama a população e favorece esse tipo de ocorrência”, disse Pezzette Loro à revista publicada na segunda-feira (11).
“É algo que não imaginávamos ver em Foz. Nem nas manifestações anteriores tivemos ocorrências, nada relevante. Foi o primeiro crime político”, observou.
O PT do Paraná divulgou nota contestando as conclusões apresentadas pela Polícia Civil e pela Secretaria de Segurança Pública do Estado sobre o assassinato do tesoureiro do partido. Segundo a legenda, as conclusões “são prematuras” e que o encerramento das investigações “é uma ofensa à família de Marcelo”.
“Entendemos que as conclusões que constam no inquérito apresentado pela Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública, são prematuras, e que podem levar a interpretação de que o que teria ocorrido com Marcelo, seria fruto de uma briga comum sem motivações políticas”, disse o partido em nota divulgada no início desta tarde.
O presidente do PT no Paraná, deputado estadual Arilson Chiorato, questionou a celeridade com o qual o inquérito foi conduzido. “A investigação foi encerrada antes mesmo da missa de sétimo dia de Marcelo. Não estou questionando o trabalho da Polícia Civil, mas vários elementos não foram contemplados nas investigações mesmo com pedido dos advogados, como os aparelhos eletrônicos, o celular do assassino, que pode ter ligado para alguém antes do crime”, disse Chiorato para o jornal Correio Braziliense.
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