Informações coletadas também apontam que alguns deles foram candidatos em eleições passadas ou forneceram serviços para campanhas eleitorais. Órgão faz devassa total na vida dos criminosos
Metade dos cerca de 1 mil detidos por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília, recebeu auxílio emergencial, indica levantamento da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Estavam a soldo do Estado, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atuando contra a democracia e o Estado de Direito.
De acordo com o órgão, 60% dos fichados pelo ataque terrorista — que invadiu, depredou e pilhou os prédios do Palácio do Planalto, do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) — são homens, e a maioria entre esses tem de 36 a 55 anos.
Informações coletadas pelo MPF (Ministério Público Federal) também apontam que alguns dos golpistas se candidataram em eleições passadas ou forneceram serviços para campanhas político-eleitorais.
Menos de 1/5 dos presos possui filiação partidária, revela ainda a PGR.
LEVANTAMENTO DO MPF
Os dados constam de levantamento elaborado por grupo técnico do MPF que auxilia as investigações sobre a invasão, depredação e roubo nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, no início de janeiro.
A equipe foi montada dia 16 daquele mês e é composta de 15 servidores, peritos e especialistas em tecnologia da informação.
Por meio de acesso a diversos banco de dados, o grupo técnico levanta informações sobre os investigados pelos atos golpistas, subsidiando as apurações da PGR e o eventual oferecimento de denúncias.
Ao todo, a PGR já denunciou 835 pessoas ao tribunal — 645 por incitação aos atos golpistas e 189 por participação direta nas ações de vandalismo praticadas pelos apoiadores do ex-presidente da República.
DEVASSA TOTAL
A equipe também puxa informações sobre o endereço dos suspeitos, os bens a eles ligados, as fichas criminais deles, entre outras informações relevantes.
Além disso, consulta placas de automóveis dos investigados, com o objetivo de identificar responsáveis por veículos utilizados na ofensiva antidemocrática.
O grupo ainda auxilia a Sppea (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise) do Ministério Público Federal — à qual é vinculada — na perícia de equipamentos eletrônicos apreendidos com os presos.
DENÚNCIAS DA PGR
Até o momento, a PGR denunciou 835 pessoas pelos atos golpistas. Foram 139 na última terça-feira (14).
Destas, 645 são consideradas incitadoras, ou seja, participaram do ato ou estavam acampadas em frente ao QG (Quartel-General) do Exército, em Brasília, mas não depredaram ativamente os prédios públicos da Praça dos Três Poderes.
Dentre essas, 189 terroristas são considerados executores: praticaram invasão dos prédios, vandalismo, depredação e roubo.
Entre os crimes apontados pela PGR estão:
- associação criminosa armada
- abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- golpe de Estado
- dano qualificado contra o patrimônio da União
- deterioração de patrimônio tombado
O ministro do STF Alexandre de Moraes é o responsável pelas investigações na Corte Maior.
M. V.