O debate sobre “O Nacional-Desenvolvimentismo e o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento” foi realizado com sucesso, apesar da histeria fascista que interrompeu a fala do professor José Oreiro
No último sábado (22) a Fundação Mauricio Grabois, através de sua Cátedra Cláudio Campos, realizou a sétima mesa do Seminário “O Nacional-Desenvolvimentismo e o Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento”, com a presença do presidenciável Ciro Gomes, do economista da UNB, José Oreiro, da professora Maryse Farhi, da Unicamp e do professor José Carlos de Souza Braga, também da Unicamp.
O seminário como um todo conta com a participação de mais de 50 intelectuais e dirigentes políticos. O tema debatido nesta sétima mesa do seminário, que contou com a presença de mais de 250 pessoas, foi “Como Reorientar a economia financeirizada para uma economia produtiva”.
José Oreiro denunciou em vídeo a invasão fascista ocorrida durante o seminário. “Se o objetivo era nos atingir, perderam o seu tempo”, disse ele. Assista o vídeo abaixo.
Durante a apresentação do professor José Oreiro, integrantes das milícias digitais de Bolsonaro invadiram a reunião e tentaram impedir a continuação da reunião. Usando o linguajar típico de Bolsonaro & Cia, eles introduziram imagens pornográficas a agrediram os participantes com palavras de baixo calão. Imediatamente a assessoria técnica do seminário eliminou os intrusos e, com um novo link, transferiu a reunião de sala e deixou-os rosnando sozinhos.
Na noite do próprio sábado (22), o professor José Oreiro publicou um vídeo elogiando o seminário. Foi um debate bastante rico e proveitoso”, disse ee. O professor denunciou o ataque dos hackers bolsonaristas, classificando o comportamento troglodita dos apoiadores de Bolsonaro de “bestialidade animal”. Ele destacou que, se o objetivo era atingi-lo, perderam o seu tempo.
“Tudo transcorreu na normalidade após os ataques”, observou. “Ao que tudo indica, esses ataques demonstram que as próximas eleições ainda vão se dar colocando de um lado a civilização e de outro a barbárie”, completou o economista.
Ciro Gomes já havia feito sua apresentação, já que tinha outro compromisso, mas, segundo ele próprio afirmou, o debate estava tão bom que decidiu cancelar o compromisso e permanecer ate o fim no seminário. O ex-governador salientou que é muito importante que todas as forças do campo democrático, que derrotaram a ditadura, forças essas nas quais ele também se inclui, façam autocritica de seus erros para poderem retomar o caminho do desenvolvimento nacional.
Ele lamentou como os governos progressistas e de esquerda não foram capazes de conscientizar e mobilizar o povo brasileiro para a defesa de seus direitos, quando tinha todos os instrumentos para isso. Ele mencionou a mobilização recente do povo colombiano contra a reforma tributária, em plena pandemia. “Vocês imaginam que vamos conseguir sensibilizar o povo brasileiro para uma lógica tributária ainda pior que a que temos hoje? O povo brasileiro não se mexeu nem com a reforma da previdência, que aumentou privilégios militares e concentrou ainda mais renda no setor financeiro”, questionou.
Para Ciro, esse quadro de retrocesso na industrialização brasileira, (de 35% da participação industrial no PIB em 1980, para 9%, hoje), é fruto de 40 anos da maior taxa de juros do mundo. Ele critica, inclusive, os governos de esquerda que mantiveram o alto patamar de juros básicos. “A menor taxa que estamos pagando, nesse período, é, justamente, com o fascista Bolsonaro”, declarou, referindo-se às decisões recentes do Copom para a taxa Selic.
“Nunca fomos capazes de abrir discussão sobre isso, mesmo quando hegemonizamos o governo. Eu não perdoo isso. Iludir o povo com a miragem dos ciclos de consumismo pela manipulação da taxa de câmbio, que serviu para abrir um buraco nas contas externas”, criticou. Segundo sua leitura, o governo da esquerda assumiu em 2003 com uma taxa de câmbio a R$ 9 e derrubou a R$ 1,75, aumentando o poder de compra de importados em quatro vezes. “Quando fica mais barato ir à Miami, que a Salvador, você destrói sua estrutura produtiva interna. Tudo dolarizado vem de fora”, apontou o ex-ministro.